Pode ser a prova maior da hegemonia das ligas europeias no planeta futebol: nos primeiros 11 jogos do Mundial da Rússia, todos os 25 golos apontados nos quatro dias iniciais da competição foram marcados por jogadores que estão ligados contratualmente a clubes europeus. Com especial incidência para os que alinham na Liga espanhola, precisamente a que tem dominado as provas de clubes da UEFA (Real Madrid e Atlético de Madrid venceram, este ano, a Liga dos Campeões e a Liga Europa).
Se descontarmos os três autogolos – todos eles, curiosamente, também anotados por jogadores que actuam em clubes europeus – vemos que 12 dos 22 golos “normais” tiveram a assinatura de futebolistas que jogam, regularmente, em Espanha. Com especial predominância para os que jogam em Madrid: 5 golos para o Real Madrid (os três de Cristiano Ronaldo contra a Espanha, mais os tentos do espanhol Nacho contra Portugal, e do croata Modric, frente à Nigéria) e 4 para o Atlético de Madrid (os dois de Diego Costa a Portugal, mais o do francês Griezmann, à Austrália, e o do uruguaio Gimenez, no final do encontro frente ao Egito). A Liga espanhola festejou também o golo do brasileiro Coutinho (do Barcelona) à Suíça e os dois do russo Cheryshev (formado no Real Madrid, mas atualmente a representar o Vilarreal) à Arábia Saudita, no jogo inaugural do torneio.
Em segundo lugar nesta contabilidade, mas a grande distância, surge a liga alemã, com três golos: o solitário de Poulsen (que joga no Leipzig) com que a Dinamarca derrotou o Peru, o de Finnbogason (que joga do Augsburg) que permitiu o empate da Islândia com a Argentina, e o de Zuber (médio do TSG 1899 Hoffenheim) que carimbou a igualdade da Suíça frente ao Brasil.
Os clubes ingleses seguem, neste momento, em segundo lugar, com dois golos: o do argentino Sergio Aguero (do Manchester City) à Islândia, e o do australiano Jedinak (médio do Aston Villa, clube actualmente na segunda divisão) à França, na marcação de uma grande penalidade.
Também dois golos tem a liga russa, graças à goleada frente à Arábia Saudita, e aos tentos apontados por Gazinsky (do Krasnodar) e de Golovin (do CSKA de Moscovo).
Com um golo cada, surgem as ligas italianas e holandesa. Mas golos decisivos: o de Kolarov (da Roma), num livre ao estilo do de Cristiano Ronaldo, deu a vitória da Sérvia sobre a Costa Rica; e o de Lozano (do PSV Eindhoven) permitiu a maior surpresa dos primeiros dias da competição: a vitória do México sobre a Alemanha, atual campeã do Mundo.
Para manter a hegemonia europeia, todos os autogolos foram apontados por jogadores ligados a clubes do Velho Continente: o marroquino Aziz Bouhaddouz (cujo golo deu a vitória ao Irão) joga no St. Paul, da Alemanha, o australiano Aziz Behich (a quem foi acreditado o segundo da França) atua no clube turco Bursaspor, e o nigeriano Etebo (que marcou o segundo da Croácia) é atleta do Stoke City, de Inglaterra.