Tem 19 anos e acaba de ganhar a sua segunda medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Ainda é candidata a mais três e, se arrecadar as cinco, será a primeira a fazê-lo numa só edição dos Jogos (ver calendário no final do texto).
É bem provável que o consiga. Ver Simone no solo é como ver Michael Phelps na água ou Usain Bolt na pista: não têm rival. No Rio de Janeiro, Simone já arrecadou um ouro na competição por equipas e, esta quinta-feira, 11 de agosto, ganhou outra medalha no concurso geral individual (All-Around), tendo ficado à frente da sua compatriota Alexandra Raisman e da russa Aliya Mustafina.
Aliás, esta texana é a campeã do mundo do individual geral e do solo há três anos consecutivos, somando, no total, 14 medalhas e 10 títulos mundiais.
Mas Simone não é “só” uma ginasta muito boa, a melhor de todas na atualidade – esta adolescente com 1,44 metros e 47 quilos está a levar a modalidade a outros píncaros. Ao desafiar as leis da física, indo mais longe do que qualquer outra atleta, Simone está a atingir novos graus de dificuldade para este desporto, desafiando toda uma geração de praticantes a (tentar) acompanhá-la.
Para a história já deixou o “Biles”, um movimento novo que consiste num duplo mortal empranchado, acrescentando uma meia pirueta. Mas esse movimento nem é o mais difícil que Simone consegue fazer. Ela é tão forte que é capaz de saltar duas vezes a sua própria altura.
Os feitos físicos de Simone Biles trazem logo à memória outra ginasta de exceção: a romena Nadia Comăneci, que chegou aos Jogos de 1976, em Montreal, no Canadá, com apenas 14 anos, e foi a primeira a ter a pontuação máxima, a perfeição absoluta.
São duas grandes atletas de um caminho olímpico que, para as mulheres, começou apenas em 1952 (em Helsínquia, Finlândia). Até aí, a ginástica artística individual estava reservada apenas aos homens.
Nos Jogos de 1928, em Amesterdão, as mulheres já tinham competido, mas apenas em equipa. Na verdade, vendo algumas imagens da época e comparando com a atualidade, a ginástica feminina daqueles tempos parece bastante pueril..
Věra Čáslavská, Nadia Comaneci ou Svetlana Khorkina são três grandes nomes da ginástica artística feminina, aos quais se junta agora Simone Biles, adotada, ao seis anos, pelos seus avós maternos, uma vez que a sua mãe, alcoólica e toxicodependente, não tinha condições para a criar.
“Sinto que hoje fiz o meu trabalho”, disse ela, depois de ganhar o ouro na geral individual. E. de facto, ao vê-la no solo, ou na trave, com aquela alegria de quem nasceu para estar ali, pensamos que o seu trabalho só podia ser mesmo este.
Calendário
14 de agosto, domingo: final dos saltos
15 de agosto, segunda-feira: final da trave
16 de agosto, terça-feira: final do solo