NFT significa “non-fungible token”. Para explicar o que é, talvez seja útil começar pelo que não é. O dinheiro que tem na carteira é fungível. Pode trocá-lo por outro com o mesmo valor. Uma nota de €10 é igual a duas notas de €5. Se algo é não-fungível, quer dizer que tem propriedades únicas e não pode ser trocado. É isso um NFT: um certificado digital de autenticidade, que “prova” que aquele ficheiro é original, e único. Utiliza tecnologia blockchain, a mesma que está na base das criptomoedas (como a Bitcoin). A sua natureza descentralizada significa que é necessário o processamento por vários computadores em rede, tornando falsificações ou fraudes teoricamente impossíveis.
A função dos NFT é criar escassez no mundo digital, um ambiente em que isso é muito difícil de assegurar. No mundo físico é tudo muito mais simples e sistematizado. O quadro de Edvard Munch, “O Grito”, foi vendido em 2012 por 120 milhões de dólares. Mas conseguimos encontrar cópias à venda por menos de dez euros. Existe um sistema inteiro, de galerias, museus e críticos, cuja função é confirmar que determinada obra é original. Essa é, aliás, uma das obsessões do mundo da arte há séculos: a garantia de autenticidade e exclusividade.
Na arte digital, essa distinção é mais complicada. Um ficheiro pode ser exatamente igual ao original, ser reproduzido infinitamente e sem custos adicionais. Esse sempre foi um obstáculo para se fazer dinheiro neste segmento artístico. Agora, ao ser possível colocar-lhe um carimbo de autenticidade inviolável, a monetização fica mais fácil, nascendo um novo mercado e praticamente do nada, com os preços a explodirem.
Se for um artista e quiser usar esta tecnologia, basta registar-se numa plataforma de venda de NFTs (a OpenSea é uma), fazer upload da sua obra e decidir o número de cópias autenticadas que quer disponibilizar. Quando ela é vendida, o comprador, além de ficar com o ficheiro – que pode ser obtido gratuitamente de outras formas – fica com essa transação registada na blockchain e tem aí a prova da sua propriedade.
Um curto glossário
NFT
Um “non-fungible token” é um certificado digital emitido para registar a autenticidade ou propriedade de um ficheiro digital ou, também, objeto físico). É transacionável devido às suas características únicas, por ser impossível de copiar ou piratear. Usa tecnologia blockchain.
Blockchain
É uma base de dados descentralizada em milhares de computadores. Uma lista de registo de operações, organizada por blocos ligados criptograficamente. Assim que uma operação é registada, a informação não pode ser alterada. Ela permite segurança nas transações, eliminação de intermediação e, teoricamente, mais transparência.
Criptomoedas
A blockchain é a tecnologia por trás das criptomoedas. Hoje, existem centenas. São ativos que podem funcionar como meio de troca. Com a explosão da sua popularidade, cada vez mais serviços as aceitam como pagamento.
Bitcoin
A bitcoin é a primeira e mais bem-sucedida criptomoeda. Até hoje, não se conhece a identidade do seu criador. O valor de 1 bitcoin disparou no fim de 2020, chegando a atingir os 50 mil euros.
Smart Contract
É um contrato que define (e aplica, automaticamente) as condições numa transação. É fundamental, hoje, para dar segurança aos negócios com criptomoedas (incluindo a compra e venda de NFT).