Tem a aura intocável dos mitos, mas já houve vários projetos a desafiarem a convenção. Dos mais obscuros (Amália Revisited, de 2006, com pozinhos de eletrónica e hip hop) aos mais comerciais (Amália Hoje, de 2009). Provavelmente, Amália Rodrigues (1929-1999) teria gostado de todos e respondido com um “obrigado, obrigado!” e uma gargalhada.
Este Les Voix du Fado/As Vozes do Fado (que chegou sexta-feira às lojas) demarca-se de todos os outros discos-tributo à obra cantada de Amália. Dispara para referências geográficas e sonoridades que também foram suas (com a participação do brasileiro Caetano Veloso, o angolano Bonga, a cabo-verdiana Mayra Andrade e o espanhol Javier Limón), junta uma elite de novos fadistas que já conquistaram o público (Camané, Ricardo Ribeiro, António Zambujo, Carminho, Ana Moura e Gisela João) e termina com a voz de Celeste Rodrigues, irmã da fadista, a cantar o fado Faz-me Pena, com letra da própria Amália, mas que nunca chegou a ser gravado.
Um disco que tinha tudo para dar certo. E deu.
Carminho – Com que Voz
António Zambujo – Estranha Forma de Vida
Gisela João – Medo