Não é má vontade… Apenas não é fácil levar a sério um super-homem (o sétimo) que enverga aquele fato de lycra tricolor, com capa de vampiro. No filme retiram os boxers à indumentária – é uma das novidades. A outra é que este é rodado em película, ao contrário dos restantes blockbusters de verão, totalmente digitalizados. Mais novidades: padece do síndroma peixe-espada (leia-se chato e comprido) na sua vocação de ficção científica (e aqui tudo é de uma pobreza criativa confrangedora, nada surpreende, nada se retém) – sobretudo nos primeiros 20 minutos, em que se conta a pré-história do super-homem no planeta Krypton. Não se pronuncia uma única vez a palavra “super-man”, quer dizer, a jornalista Lois Lane do Daily Planet tenta, mas é interrompida. E esta é a única piscadela de olho neste super-herói sisudo, sem ponta de ironia. Assistimos à fase “i see dead people” em criança, à do bullyng na adolescência, a da sua clandestinidade (porque ninguém pode saber dos seus super-poderes) e às suas questões existenciais: de onde venho; para onde vou… Por quem sois? O pai biológico vai dando indicações póstumas em voz off e há um duelo voador, altamente destrutivo entre o super-homem (o herói mais iconograficamente americano é agora desempenhado por um ator britânico) e o vilão kryptoniano. E aí vai tudo à frente: pior do que terroristas islâmicos. Destroem-se arranha-céus, provocam-se explosões por todo o lado com olhos de lança-chamas, cada soco dá direito a um impacto de meteoritos e até danos em satélites espaciais. Quanto à sua vocação de caçar a ladroagem é por completo esquecida. Com amigos como este…
Homem de Aço
De Zack Snyder. Superman: Man of Steel, com Amy Adams, Diane Lane, Henry Cavill, Kevin Costner, Russel Crowe. Ação. 143 min. EUA. 2012