Correcções e Liberdade, dois dos romances de Jonathan Franzen, marcaram a primeira década deste século.
A revista Time não hesitou em colocá-lo na capa, chamando-lhe “o grande romancista americano”.
Alguma uma vez terão perguntado a Jonathan Franzen se ele gostava de Os Pássaros, o clássico cinematográfico de Hitchcock que nos fez olhar com terror para essas criaturas voadoras? É pouco provável, dada a competição de temas mais literários, políticos, e até mundanos, à escolha para conversar com este norte-americano de 52 anos, miúdo do Illinois, atual “grande romancista americano”. Os seus livros são “os” romances, redescobrindo o cânone literário realista e abrangente, com personagens tridimensionais e uma linguagem muito verosímil – ele escreve num quarto descarnado, num computador desligado da internet, lendo alto as suas próprias frases. Do lado de lá das janelas, estão pássaros para observar, a sua grande obsessão.
É por eles que Franzen anda, por estes dias, a percorrer as paisagens da Albânia, do Montenegro e da Croácia: em perseguição das aves migradoras que atravessam o Mediterrâneo, uma aventura ao serviço da revista National Geographic. Abra-se um parêntese para traçar o plano de voo desta entrevista: a conversa abriu asas em Nova Iorque mas caiu em voo picado por quatro vezes. As inéditas explosões solares da passada quinta-feira tinham aberto caça às redes de telemóveis. Horas depois, Jonathan, já instalado numa gaiola hoteleira de Tirana, na Albânia, fala sobre uma América entre dois livros – com a mesma precisão binocular utilizada para observar um tordo-ruivo ou um merganso-capuchinho. O esvoaçamento só terminou dois dias depois, via Blackberry, estava o escritor dentro de um carro a ver pássaros no Montenegro. Se desafiado, teria ele acedido a descer em busca de cegonhas sadinas ou corvos lisboetas? A Zona de Desconforto (Dom Quixote), livro de memórias algures entre Diário de um Totó e as Pequenas Memórias, de Saramago, faz um retrato singular, trágico, cómico e revelador sobre o miúdo que decidiu que “a Relação Autêntica que agora queria ter era com a página escrita”. E que, em adulto, ao descobrir os pássaros após a morte da mãe, teve “a sensação de que toda a vida tinha andado enganado sobre alguma coisa importante”.
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