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Nós já vimos, mas José Saramago ainda não. Com algum nervoso miudinho, estão à espera da estreia para mostrar o filme ao Nobel. E depois logo se vê. Esperamos que goste. E o António Ferreira, claro está, também. A estreia de Embargo, a adaptação ao cinema de um conto de Saramago, deverá ocorrer apenas no Verão. Mas nós, privilégio dos privilégios, fomos dos poucos que já vimos o filme, que só está terminado há duas semanas, e passou em ante-estreia mundial, no Fantasporto, no Pequeno Auditório do Rivoli (onde só cabem 150 pessoas). E, imagine-se lá, António Ferreira, o autor de Esquece Tudo o que te disse, fez da história de Saramago uma comédia. “O conto tem aquela ironia do Saramago, mas é muito mais sério do que o filme”, explicou o realizador ao Final Cut.
Nós rimo-nos quase do princípio ao fim, graças aos excelentes diálogos de António Ferreira e a interpretação dos actores (os principais são pouco conhecidos), com destaque para Filipe Costa, no papel principal. É que, apesar de ser visivelmente uma comédia, também o humor de António Ferreira é inteligente e nada alarve. E coseu as pontas da história original, com apenas 12 páginas, para se manter fiel ao conceito, e não ao texto. O mais importante está lá: Embargo é uma reflexão sobre a dependência do petróleo e do automóvel, criando duas situações extremos – um embargo petrolífero que faz com que a gasolina seja racionada e um homem que, por mistério, não consegue sair do seu automóvel.
António Ferreira lembrou-se de adaptar Saramago muito antes de Fernando Meirelles. Há 15 anos, ainda estudante de cinema, pegou no texto e até filmou algumas cenas para uma curta. “Era tudo muito diferente, eu próprio era o actor”, explica. O projecto ficou na gaveta, até que, com a greve dos camionistas, ocorreu-lhe ressuscitá-lo. Ganhou o subsídio para a curta-metragem, mas dois meses antes de filmar resolveu passar a longa. “Um filme não é um livro e tivemos de acrescentar muitas coisas, pois o conto só tem12 páginas. Tivemos de dar uma história ao Nuno”.
Embargo é uma co-produção ibero-brasileira, filmada em digital, que tal como em Esquece Tudo o que te disse, encontra um caminho alternativo para o cinema português: uma obra de qualidade acessível ao grande público. Tem tudo para ser o grande filme do próximo Verão.
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