A caçada que chocou o País – e que foi condenada pela própria Federação Portuguesa de Caça – teve apenas a participação de caçadores estrangeiros, mas há vários portugueses envolvidos. Segundo informações a que a VISÃO teve acesso, os direitos de exploração cinegética para 2020/2021 foram cedidos a Avelino Almeida Carvalho pela proprietária da Quinta da Torre Bela (a Sociedade Agrícola Quinta do Convento da Visitação).
Avelino Almeida Carvalho terá, então, sido contactado pela empresa Monteros de la Cabra, de Mariano Moralles, que foi quem organizou a montaria e contactou os 16 caçadores que mataram os 540 veados, gamos e javalis. Contratou ainda os serviços de seis matilheiros, quatro portugueses e dois espanhóis: Matilha Colmeia, Matilha Portalegre, Matilha Estremoz, Matilha Tempestade, Matilha Sebastian e Matilha Los Nenes. Matilheiros são os auxiliares dos caçadores nas montarias: conduzem as matilhas (grupos de 20 a 25 cães), perseguindo, levantando e, quando necessário, matando com uma faca ou lança os animais feridos. O veterinário que supervisionou a caçada foi João Mota Ferreira.
A carne seguiu toda para Espanha, para a empresa de comércio de carne Jaime Herrera Cabanillas, da povoação de Talarrubias, Badajoz.
Notícia no estrangeiro
O massacre de 540 animais selvagens de grande porte, entre veados, gamos e javalis, tem dominado as notícias nos últimos dias, pela dimensão do ato. Do presidente da Câmara da Azambuja, município onde se encontra a Herdade, ao ministro do Ambiente e da Ação Climática, passando por outros políticos, ambientalistas e caçadores, todos se dizem escandalizados com o sucedido.
O caso já chegou mesmo aos meios de comunicação social estrangeiros. A France24, por exemplo, publicou ontem um artigo com o título “Em Portugal, 540 animais foram mortos durante uma caçada que se tornou um massacre“. Em Espanha, de onde vieram os caçadores, o assunto foi notícia, entre outrs, no El Mundo, no Huff Post e até no desportivo Marca, que titula “Um massacre de animais por caçadores espanhóis indigna Portugal”.