As peças de madeira pintada foram banidas dos parques infantis de construção mais recente. Não por acaso. É que alguns dos componentes das tintas, os metais pesados cobre, crómio e arsénio, são uma combinação inimiga da saúde quer por contacto directo quer pela inalação dos fumos resultantes da queima da madeira.
O que se torna num quebra-cabeças quando, em fim de vida, se pensa em reutilizá-la. Graças a uma técnica desenvolvida pela professora Alexandra Ribeiro, 45 anos, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, é possível remover aquelas substâncias tóxicas, com taxas de sucesso superiores a 90%, antes de se lhe dar novo destino. A madeira é sujeita a uma corrente eléctrica. E, no final do processo, há madeira limpa de um lado e, do outro, cobre, crómio e arsénio, que podem também ser reutilizados.
“Foi um desafio enorme desenvolver esta técnica não havia nada para descontaminar madeiras”, revela a investigadora. Agora, tenta aplicar o processo, designado electrorremediação, à limpeza de solos, como arrozais contaminados por pesticidas. “Quero trabalhar em solos; é um recurso que, talvez por estar debaixo dos nossos pés, não tem recebido a devida atenção.”