As cerimónias fúnebres da jornalista Shireen Abu Akleh, que, esta sexta-feira, percorreram as ruas de Jerusalém, acompanhadas por milhares de pessoas, ficaram marcadas por novos confrontos entre palestinianos e forças de segurança israelitas, que alegaram “provocações” dos presentes para investirem contra a multidão.
As imagens do momento em que as forças de segurança israelitas reprimem a procissão, junto ao hospital St. Joseph, com recurso a bastões e bombas de gás, não poupando os homens que carregavam o caixão que transportava o corpo de Shireen Abu Akleh – que foi empurado e quase derrubado – estão a correr (e a chocar) o mundo.
Os momentos de tensão repetiram-se ao longo de todo o percurso, com as forças de segurança israelitas a tentarem controlar o que já foi descrito pelas próprias como “manifestações nacionalistas” palestinianas, através de bandeiras ou cânticos. Horas depois, o corpo de Shireen Abu Akleh pôde ser sepultado no Cemitério Protestante do Monte Sião de Jerusalém, junto às campas dos seus pais.
Shireen Abu Akleh, 51 anos, era uma jornalista veterana, de dupla nacionalidade palestiniana e norte-americana, a trabalhar há duas décadas para a estação televisiva Al-Jazeera, que foi morta, com um tiro na cabeça, na passada quarta-feira, dia 11, quando cobria uma operação militar israelita na cidade de Jenin, na Cisjordânia.
Recorde-se que a Autoridade Palestiniana e o governo de Israel têm versões diferentes sobre as circunstâncias da morte da jornalista, e cada lado acusa o outro de ser responsável. As partes ainda não chegaram a acordo quanto à investigação conjunta sobre os acontecimentos, mas, entretanto, os Estados Unidos da América anunciaram, em conferência de imprensa, pela porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, que “estão prontos para apoiar” uma investigação independente que possa apurar os responsáveis pela morte de Shireen Abu Akleh – pedido também já feito pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.