Morreu aos 84 anos, no Hospital Militar de Lisboa, Otelo Saraiva de Carvalho, estratega da Revolução do 25 de Abril e mentor das FP-25
Nascido em Maputo em 1936, Otelo Nuno Romão Saraiva de Carvalho foi capitão em Angola entre 1961 a 1963 e na Guiné entre 1970 e 1973, e foi um dos principais rostos do Movimento das Forças Armadas. Foi responsável pelo planeamento das operações militares que levaram ao cerco do Largo do Carmo, em Lisboa.
Foi comandante da COPCON, um comando militar criado pelo Movimento das Forças Armadas, mas foi afastado do cargo depois do 25 de Novembro de 1975.
Em 1976, candidata-se nas primeiras eleições presidenciais livres após a ditadura do Estado Novo, onde perdeu contra Ramalho Eanes.
Foi preso em 1984, acusado de ter liderado a organização terrorista de extrema-esquerda FP-25, juntamente com José Mouta Liz e Pedro Goulart, que fizeram 13 vítimas mortais. Foi condenado a 15 anos de prisão, cumpriu 5 de prisão preventiva, mas em 1991 recebe de Mário Soares o indulto total pelos seus crimes, que foram depois amnistiados em 2004.
Uma das suas frases mais polémicas foi proferida durante o “verão quente” de 1975. Enquanto conselheiro do COPCON e conselheiro da revolução, Otelo Saraiva de Carvalho é questionado sobre as perturbações que estão a decorrer no norte do país e diz: “Oxalá não tenhamos de meter os contra-revolucionários no Campo Pequeno antes que eles nos metam lá a nós!”
Em 2011, Otelo Saraiva de Carvalho colocou a hipótese de os militares avançarem para um novo golpe militar. “Para mim, a manifestação dos militares deve ser, ultrapassados os limites, fazer uma operação militar e derrubar o Governo”, defendeu em entrevista. “Se soubesse o que sei hoje não teria possivelmente feito o 25 de Abril”.