O vírus SARS-CoV-2 está a matar cerca de 33 mil pessoas por dia. A 3 de maio, os óbitos a nível mundial totalizavam os 6,93 milhões, mais do dobro daquilo que é registado pelos países. No próximo mês de setembro, a Covid-19 terá provocado quase 10 milhões de vítimas mortais.
A conclusão é do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), da Universidade de Washington, que, como explica o Johns Hopkins Center for Health Security, inclui diversos fatores que foram subestimados na contagem oficial. “Esta nova abordagem na contabilidade dos óbitos tem em conta flutuações temporais e geográficas na capacidade de testagem e registo. Considera ainda os primeiros meses da epidemia, quando uma proporção maior de mortes ficou por contar; estima a proporção do excesso de mortalidade no tempo que se deve exclusivamente à Covid, entre outros fatores”, descreve o prestigiado Johns Hopkins.
O novo modelo matemático – e que põe em causa as estatísticas oficiais – foca alguns países onde a contagem dos óbitos está francamente subavaliada e não se pense que isto acontece apenas nos países subdesenvolvidos.
Nos Estados Unidos da América, por exemplo, que ocupam o primeiro lugar da lista negra dos óbitos, o IHME contabiliza mais de 905 mil mortos a 3 de maio (quando os números oficiais registavam 574 mil). O segundo país com mais vítimas mortais é a Índia com 655 mil (221 mil era o número oficial); seguindo-se o México com 617 mil (e não os 218 mil registados).
O Brasil ocupa a quarta posição com 596 mil (409 mil oficiais) e a Rússia fecha o top 5 com 594 mil (109 mil registados). Reino Unido, Itália, Polónia, Espanha, França, Alemanha e Ucrânia estão entre os países europeus analisados, todos com grandes discrepâncias entre o número real de mortos e a contabilidade oficial. Mas nenhum regista a diferença do Japão, por exemplo, em que o número real de mortos será mais de 10 vezes o registado oficialmente (10 390 mil).
“Por muito terrível que esta epidemia de Covid-19 nos pareça, esta análise mostra que a contagem real é significantemente pior”, diz o diretor do IHME, Chris Murray. “Entender os verdadeiros números dos óbitos por Covid-19 ajuda-nos a considerar a magnitude desta crise global e também fornece informação valiosa para que as autoridades desenvolvam respostas e planos de recuperação”, conclui.