Afinal a atenção para com o comércio local em redor do edifício da Emergência Médica, no Porto, por parte do diretor demissionário do INEM/Norte, António Rui Barbosa, quando chegou à hora de aplicar as 85 doses de vacina contra a Covid-19, também abrangeu um restaurante especializado em francesinhas.
O responsável pelo INEM, que pôs o seu lugar à disposição este sábado após a polémica vacinação de onze pessoas que trabalham numa pastelaria próxima à instituição, tinha assegurado que esse gesto foi espontâneo e que consistira numa escolha aleatória de técnicos que desceram à rua e desafiaram os tais funcionários a serem vacinados.
A VISÃO apurou, junto de fontes ligadas ao processo de vacinação levado a cabo pelo INEM, que o empresário Júlio Magalhães foi contactado no início de janeiro pela Emergência Médica, para se saber se teria disponibilidade de tomar a vacina da Pfizer. Em casa está alguém ligado à “Transturística”, um snack-bar de dois pisos cuja especialidade é o famoso prato da Invicta, localizado a mais de 15 metros da pastelaria “São Jorge”, cujos 11 funcionários e proprietário foram vacinados.
“É lá que muitos de nós vamos comer todos os dias há muito tempo”, adiantou, à VISÃO, um dos técnicos que participou no processo de administração das vacinas no Porto, que admitiu desconhecer “quem deu a ordem para os colegas ligarem” àquele cidadão.
Júlio Magalhães tomou então a primeira dose da vacina nessa primeira semana de janeiro e acabou por lhe ver administrada a segunda ontem, sexta-feira, 29 de janeiro.
Este sábado, à comunicação social que foi chamada ao INEM no Porto, António Rui Barbosa admitiu que houve “naturalmente” um erro no pedido de vacinas para a instituição no Norte, que recebeu 85 ampolas, correspondente a 425 doses. Depois, “do universo prioritário ficaram de fora 60 pessoas, entre médicos e enfermeiros que prestam apoio ao INEM”, tendo sobrado doses. “Fui confrontado com a necessidade de tomar a decisão. Ninguém compreenderia descartar as vacinas”, disse.
Contudo, na última semana de dezembro, Barbosa terá dado ordens para um levantamento junto de todos os interessados na instituição que quisessem ser vacinados. Aquando do pedido do número de doses, o INEM Norte já saberia de forma muito apurada, assim, quantos profissionais de Emergência Médica poderiam ser imunizados sem o risco de perda de doses.
O INEM, questionado pela VISÃO, não prestou declarações.