Depois de quase seis anos de investigação, e praticamente seis anos depois de Ricardo Salgado ter sido afastado do banco que liderou durante décadas, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) lançou a primeira acusação nascida das investigações à queda do BES e do Grupo Espírito Santo. De acordo com documentos a que a VISÃO teve acesso, este é o resultado: 18 pessoas e sete empresas vão responder em julgamento neste processo-crime.
Ricardo Salgado encabeça a lista. Mas a acusação atinge também outros dois primos: José Manuel Espírito Santo, que liderava o Banque Privée Espírito Santo, na Suíça, e Manuel Fernando Espírito Santo, que era presidente não executivo da RioForte (área não financeira do GES) e administrador da Espírito Santo International (ESI). Francisco Machado da Cruz, o contabilista que assinava as contas da ESI – onde foi encontrado no final de 2013 um passivo oculto de 1300 milhões de euros – mas que disse ter respondido apenas a ordens de Ricardo Salgado, também não escapa a esta acusação.
Quem também terá de responder em julgamento é João Alexandre Silva, o ex-diretor da sucursal do BES na Madeira que fazia a ponte com os negócios do GES na Venezuela, tal como Paulo Nacif Jorge, que também tratava dos negócios com os venezuelanos. Também Alexandre Cadosch e Michel Creton, gestores da sociedade suíça Eurofin Securities, empresa através da qual Ricardo Salgado terá montado um esquema fictício de compra e recompra de obrigações que terá causado enormes prejuízos ao BES, vão a julgamento.
Amílcar Morais Pires, que foi administrador financeiro do BES e foi o escolhido por Ricardo Salgado para a sua sucessão, também é acusado, assim como Isabel Almeida, diretora do Departamento Financeiro de Mercados e Estudos (DFME) e subordinada de Morais Pires, neste departamento onde se fazia precisamente a gestão da emissão das obrigações.
António Soares, Paulo Ferreira, Pedro de Almeida e Costa, Cláudia Boal de Faria, Pedro Cohen Serra, Nuno Escudeiro, Pedro Góis Pinto, João Martins Pereira são os outros acusados.
A Espírito Santo International, a Rioforte Investments, a Eurofin Private Investment Office, a Espírito Santo Irmãos, a ES Tourism Europe, a Espírito Santo Resources Portugal e a Espírito Santo Resources Limited são as empresas acusadas.