É a primeira crítica de Adolfo Mesquita Nunes, sempre apontado como putativo candidato à presidência do CDS, às opções da direção de Francisco Rodrigues dos Santos. Esta quarta-feira, dia em que se assinalam os 113 anos das aparições de Fátima, os centristas publicaram um cartaz com uma imagem do santuário vazio, com o logótipo e o slogan do partido (#AcreditaremPortugal) e o ex-secretário de Estado do Turismo foi incisivo. “Como católico tenho o dever de estar na política. Mas nunca achei que os partidos devessem usar a religião para fazer política”, escreveu no Facebook.
O banner divulgado pelo CDS vinha acompanhado por uma mensagem do líder. “Este ano a peregrinação foi feita com o coração e o povo português devoto de Maria encheu espiritualmente o Santuário de Fátima em oração. Rogai por nós e ouvi a voz dos que rezam, dos que mais precisam de ajuda nesta emergência social. Como católico e como português, gostaria de assinalar o extraordinário exemplo na celebração da Fé que os Fiéis e a Igreja deram ao país. Pode haver esperança sem Fé, mas não há Fé sem esperança!”, referiu Rodrigues dos Santos.
Contactado pela VISÃO, Mesquita Nunes, vice-presidente do partido durante os quatro anos de Assunção Cristas e apoiante de João Almeida na última disputa pela liderança, recusou acrescentar uma única palavra ao seu post. Nem sequer aceitou responder à pergunta sobre se interpretava a publicação de Rodrigues dos Santos como uma marcação cerrada a André Ventura, que também usara a data para fazer um statement político.
“Hoje é um dia muito especial para mim. A 13 de Maio de 1917 Portugal mudou para sempre. Não escolhemos mudar, fomos escolhidos! Também eu senti esta mudança profunda num 13 de Maio da minha vida. Hoje sinto, sei, que de alguma forma a minha missão política está profundamente ligada a Fátima. É este, talvez, o meu grande Segredo”, escreveu o deputado único e presidente do Chega.
Além disso, o remoque de Mesquita Nunes surge quatro dias depois de Rodrigues dos Santos, em entrevista ao Expresso, ter procurado travar a entrada em cena do ex-goverante, principal rosto da corrente liberal, na corrida à presidência no próximo congresso (que será marcado, previsivelmente, para ainda antes das legislativas).
“Adolfo Mesquita Nunes retirou-se da atividade política para se dedicar ao mundo dos negócios. E estávamos na altura num período pré-eleitoral em que o próprio Adolfo era coordenador do programa do CDS. Se numa altura tão exigente, em que era tão preciso, decidiu tomar essa opção, que acho legítima, não creio que vá agora fazer um mortal à retaguarda. Dito isto, não estou preocupado com a liderança do partido”, respondeu “Chicão” (como é conhecido entre os democratas-cristãos) ao semanário.