Foi a cerimónia possível em tempos de pandemia. Um Parlamento a (muito) menos de meio gás para assinalar os 46 anos passados desde o fim do Estado Novo, numa sessão marcada a tinta grossa com a ideia, partilhada pela grande maioria, de que foi para isto que se fez o 25 de Abril.
Marcelo Rebelo de Sousa haveria de deixar vincada uma das frases fortes do dia, ao defender que, “o que seria verdadeiramente incompreensível e civicamente vergonhoso era haver um país a sofrer e a Assembleia da República demitir-se” de celebrar a data fundadora da democracia portuguesa.
Não passou mais de uma hora e meia entre o momento em que o Presidente da República chegou ao Parlamento e aquele outro momento em que se despediu do número dois na hierarquia do Estado. Não houve sessão de cumprimentos, quase não houve convidados presentes na sala, mas houve muita distância social.
As imagens falam por si: nunca, em 46 anos de Portugal democrático, se tinha assistido a uma sessão solene assim.