À medida que aumenta o número de casos infetados por Covid-19 ou em quarentena, os efeitos do novo surto alastram-se a todos os setores e a indústria farmacêutica está a registar as primeiras falhas no abastecimento de medicamentos. Os EUA foram o primeiro país a sofrer com o efeito.
Stephen Hahn, comissário da agência americana do medicamento e dos alimentos, a FDA, anunciou na passada quinta-feira que uma das substâncias ativas utilizada no tratamento da doença Covid-19 está em risco de esgotar no país e já consta na lista pública de carências do organismo – mas até ao momento o nome da substância continua em segredo.
“Não podemos divulgar informações comerciais confidenciais”, advertiu a porta-voz da FDA, Stephanie Caccomo, em declarações ao Popular Science. Por essa razão, a agência não está autorizada a divulgar o nome da substância, assim como o local onde os fornecedores compram estes componentes ativos. A porta-voz acrescentou ainda que, nesta altura, não respeitar essas exigências poderá contribuir para aumentar a desconfiança dentro da indústria: “Precisamos da cooperação das empresas farmacêuticas para obter informações precisas”, acrescentou Coccomo para explicar que esta é a principal preocupação da FDA.
Há muito tempo que as autoridades de saúde pública americanas alertam para os perigos da dependência e a situação de vulnerabilidade que o mundo apresenta face ao abastecimento de substâncias ativas – produzidas, na sua maioria, na China. Em 2018, a FDA apresentou um documento onde deixou claras estas fragilidades, embora todos os cenários estudados tivessem sido previstos para casos de catástrofes naturais ou bioterrorismo. No entanto, os especialistas dizem que a recente ameaça de iminente guerra comercial entre Pequim e Washington já foi suficiente para mostrar os riscos deste problema.
A grande preocupação das autoridades de saúde pública concentra-se agora nos doentes que são dependentes destes medicamentos e a aconselham os médicos a prescrevê-los em pequenas quantidades para assim evitar a rotura de stocks. Segundo o Boletim Mensal da Economia Portuguesa, publicado em setembro de 2019, a China ocupava a 12º posição na lista dos países que importam medicamentos e outros produtos farmacêuticos para Portugal, com uma percentagem bastante pequena 1,1%.