“Parece que ao Governo Conservador foi outorgado um novo e poderoso mandato para a fazer o ‘Brexit’, e não só fazer o ‘Brexit’ mas para unir o país, levá-lo para a frente e focar nas prioridades do país”, disse Boris Johnson ao discursar na circunscrição de Uxbridge and South Ruisli, na qual era candidato, após o anúncio da sua reeleição.
Após repetir a promessa de contratar mais 50.000 enfermeiros, 6.000 médicos e construir 40 hospitais — “um dos quais será aqui em Huxbridge” — o primeiro-ministro agradeceu aos eleitores daquele círculo eleitoral por lhe darem “o privilégio” de trabalhar para eles.
Boris Johnson acabou o discurso a agradecer ao povo do país “por aparecer para votar numa eleição dezembro (…) que se tornou histórica” e dá ao Governo “a oportunidade de respeitar a vontade democrática do povo britânico, mudar para melhorar e libertar o potencial de todo o povo”.
“E é isso que faremos se tivermos a sorte de ser reeleitos, como parece que vai acontecer. Esse trabalho começa hoje”, concluiu.
Com 440 dos 650 círculos eleitorais apurados, os Conservadores conquistaram 227 círculos eleitorais, os Trabalhistas 154, o Partido Nacionalista Escocês 36, os Liberais Democratas sete, os Unionistas da Irlanda do Norte cinco, havendo ainda 11 outros deputados eleitos.
Cerca de 46 milhões de britânicos votaram na quinta-feira nas eleições legislativas antecipadas no Reino Unido, as terceiras em menos de cinco anos, convocadas pelo governo para tentar desbloquear o impasse criado no parlamento pelo processo de saída do país da União Europeia (UE).
A votos estiveram os 650 assentos na Câmara dos Comuns, a câmara baixa do parlamento britânico, aos quais concorreram 3.322 candidatos, dos quais 1.124 mulheres, tendo os partidos Conservador (635), Trabalhista (631), Liberal Democrata (611), Verde (498) e Partido do Brexit (275) concorrido no maior número de circunscrições a nível nacional.
Já Jeremy Corbyn, líder dos trabalhistas, admitiu já que a derrota foi muito dececionante e já fez saber que pretende renunciar às funções. “Quero tornar claro que não vou liderar o partido em nenhumas futuras eleições. Vou discutir com o partido para garantir que existe um processo de reflexão sobre este resultado e sobre as políticas que vai manter no futuro. E vou liderar o partido durante esse período”, declarou hoje em Islington, após ser anunciado o resultado da sua circunscrição, onde foi eleito com 34.603 votos.
Ao mesmo tempo, estes resultados dão mais força às pretensões de independência da Escócia, onde a líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP) reivindicou já ter recebido um mandato para realizar um segundo referendo sobre a independência da região ao eleger a grande maioria dos deputados elegíveis na Escócia. Segundo disse à BBC Nicola Sturgeon, que é também primeira-ministra do país, os resultados indiciam um renovado e reforçado mandato” para a Escócia realizar um segundo referendo sobre a independência, depois de no primeiro referendo, em 2016, ter sido rejeitada por 52% dos eleitores.
“A Escócia enviou uma mensagem muito clara: Não queremos um Governo de Boris Johnson, não queremos deixar a União Europeia e queremos que o futuro da Escócia fique nas mãos da Escócia”, afirmou a líder independentista, repetindo promessas repetidas ao longo de toda a campanha.