Os idosos e o equilíbrio das contas serão as prioridades dos próximos quatro anos de mandato da nova direção da Santa Casa da Misericórdia de Cascais.
Na liderança está a partir de hoje, 12 de janeiro, o ex-professor catedrático de arqueologia José Encarnação, de 71 anos. Ligado à Santa casa da Misericórdia de Cascais desde 1998, foi vice-presidente da mesa da Assembleia Geral nos dois últimos mandatos. Além de vários livros sobre Cascais, tem carteira profissional de jornalista e escreve para jornais locais.
A partir de agora terá em mãos o desafio – difícil, como admite – de equilibrar as contas de uma instituição com 462 anos. “Os tempos mudaram. Nem há doações como no passado, nem as famílias conseguem pagar muitos dos serviços que prestamos. Cascais é uma terra de contrastes. Quase não haverá família nenhuma que não tenha batido à porta da Misericórdia, por uma ou outra razão. Hoje há muitos desempregados que não conseguem pagar as creches, por exemplo.”
Independente da Misericórdia de Lisboa, a do concelho de Cascais não recebe dinheiro do jogo. Toda a atividade, que envolve, por exemplo, cerca de duas mil crianças e jovens, é patrocinada pelas doações e pagamentos feitos pelos utentes. “A Misericórdia movimenta milhões de euros, há património valioso, mas há também falta de liquidez. Nalguns lares fizemos acordos com o Ministério da Segurança Social para cuidados continuados, mas tivemos de desistir porque os pagamentos demoravam demasiado tempo. Há a ideia de que a Santa Casa tem todos os meios, mas não é verdade”.
Embora recuse a acusação de má gestão, José Encarnação admite que o terreno onde existia a Praça de Touros se transformou num problema complexo. “Foi deitada abaixo para projeto urbanístico. Quando mudou o executivo chumbaram o plano de pormenor. Contraiu-se empréstimo com base no que ia render a Praça de Touros e ficaram as dívidas. É o grande problema dos últimos 8 anos”. Apesar disso, acredita que estará para breve uma solução.
José Encarnação, que tomará posse hoje ao final do dia, acredita que os problemas serão ultrapassados se a “Misericórdia se adaptar às novas realidades”. Até porque, depois da Câmara Municipal, estima-se que seja o maior empregador do concelho, com mais de 600 trabalhadores.
Misericórdia de Cascais em números
2000 – Número de crianças e jovens em 14 estabelecimentos
1000 – Idosos em lares, Centros de Dia, Centros de Convívio e Apoio Domiciliário
640 – Trabalhadores
48 – Crianças e jovens em regime de internamento
340 – Adultos com patologias e deficiências