IMPORTANTE É O MEU JARDIM
Ponto 1 – ” Custe o que custar, tomarei medidas de austeridade duras e cruéis”. Esta frase é minha e tenta reproduzir o “custe o que custar” de Passos Coelho, na sua prática governamental e nas palavras que diz sem pudor a um povo que está a ser sacrificado como se vivesse num regime de Ditadura.
O Primeiro Ministro ainda não compreendeu que os sacrifícios exigidos aos Portugueses já ultrapassaram a barreira do suportável. Desde os cortes nos salários, ao novo Código do Trabalho, à teimosia em reter os subsídios de férias e Natal (estes só a alguns porque outros receberam-nos ou irão recebê-los a coberto de mudança de nome para abono complementar) e muito mais que não vale a pena aqui enumerar e registar pois estamos tão cansados de ouvir e ver/ler que estar em frente ao televisor ou consultar jornais já é só por si um pesadelo daqueles que temos acordados. E estes pesadelos são os piores pois em vez de abrirmos os olhos e vermos aliviados que não passaram de sonhos maus, quanto mais abrimos esses mesmos olhos mais aterrorizados ficamos.
É por isso que nada temos a esperar de bom de quem nos tem atrelados neste momento da História que percorre as nossas vidas sem que dele (momento que passa num tempo e lugar determinado) possamos fazer parte e tomar decisões.
Há os Sindicatos, Associações que defendem isto e aquilo, Confederações…; tudo “farinha do mesmo saco”, como diria o meu pai. Reúnem, discutem ou fingem discutir, saem das salas dizendo ter entrado cheios de boas intenções, mas vêm com as mãos vazias e um ar de desgosto a querer fugir das câmaras (não vá dar-se o caso de alguém estar demasiado atento e perceber o bocejo que teima em sair da boca do alvo das perguntas) afirmando aos jornalistas que “não foi possível fazer acordos, estamos contrariados, não era o que esperávamos…” e seguem para casa ou para o restaurante mais próximo a comer o prato que mais lhes agrada e a beber o vinho de reserva sem necessidade de perguntar previamente o preço.
Espero que compreendam que ao falar de Sindicatos e outras organizações que têm por tarefa principal defender as pessoas de excessos cometidos pelos que foram eleitos para bem cuidar dos seus destinos e nem sempre o fazem da melhor forma não estou a dizer nem a afirmar que eles não são imprescindíveis em Democracia. Ai de nós, povo, se estivéssemos só à mercê dos governantes! Penso que haverá por aí algum dirigente sindical idealista e sério. Senão…
Ponto 2 – Menos divórcios. Famílias mais tempo em casa por falta de dinheiro para a gasolina. Será que é agora? Mas, afinal, o que é que é agora? Sobre os divórcios podemos aferir que o preço não é convidativo; portanto, o melhor é ir-se o casal acomodando, vivendo juntos na mesma casa, cuidando dos filhos a dois. É mais barato e… quem sabe não acabarão por se entender nos meandros e nas carências afectivas que todo o ser humano traz consigo? Se o preço elevado da gasolina ajudar a permanência no lar teremos mais um factor positivo a juntar àquele que o exagerado custo do divórcio poderá ter proporcionado.
Ganhos para as crianças e para o casal. Menos pessoas sós e infelizes. Mais compromisso e segurança. Lado positivo da crise.
Ponto 3 – Tenho camélias plantadas no meu jardim. É um jardim pequenino, mas é o meu jardim. Cuidado por mim em memória da minha mãe que não sabia como era viver sem flores e de um bom amigo que me ofereceu o primeiro ramo de camélias, como aqui já registei. Por isso, há dias escrevi um hino(?) às camélias. Porquê? Porque às vezes apetece-me escrever sem compromissos, só para mim. Ofereço-o hoje aos meus leitores:
As camélias vinham sempre do mesmo lado da Ilha. Muitas e muitas vezes vermelhas de paixão e amor. Eram trazidas de forma simples pois sabiam falar de sentimentos delicados sem que para isso necessitassem de qualquer adorno. Traziam esperança, força e verdade. Nunca fingimento. Não requeriam palavras ditas por quem as transportava nem pela mulher feliz e jovem que as recebia. Elas eram o amor. Colocadas delicadamente em jarra de prata habituada aos seus sussurros doces, deixavam livres as mãos do amante para que aconchegasse a mulher que tanto amava. Então, era altura de fecharem os olhos escondendo-se para dar lugar ao acontecimento primeiro da realização do homem que se completava na mulher que o esperava.
Maria da Conceição Brasil mcbrasil2005@hotmail.com
06/02/2012