Vinicius de Moraes, de passagem pela casa de Amália Rodrigues em 1968, dizia, entre o ébrio arrastado e a tertúlia de elevado teor poético, que os portugueses precisavam “de se desengravatar”, ou seja, despir uma série de formalismos que o Brasil, na verdade, nunca entendeu. Volvidas décadas, com a democracia adquirida e a liberdade de expressão tão à solta que alguns já defendem açaimes legislativos, talvez ainda tenhamos de mexer na forma como vestimos e despimos a linguagem. Vejamos: a deriva totalitária de Bolsonaro no Brasil, insultando e ameaçando as instituições zeladoras da legalidade, ao mesmo tempo que o seu exército de votantes vai terraplanando o caminho da agressão, confere, como diria o jornalista e escritor Mike Hume, o direito a ofender. “Devemos ser livres de questionar tudo o que não é suposto questionarmos, nesta nuvem sufocante de conformismo que paira sobre as nossas sociedades”, assinalou o jornalista e escritor.
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