O rinoceronte-branco é a espécie de rinoceronte mais comum do mundo (ainda que, com cerca de 20 mil indivíduos a viver em liberdade, não se possa dizer que tenha o futuro assegurado). É por isso quase irónico que uma das suas duas subespécies esteja virtualmente extinta desde o início da semana. A morte, aos 45 anos, de Sudan, o último rinoceronte-branco-do-norte macho do mundo, significa que será impossível salvar esta subespécie pela forma tradicional. Sobram apenas duas fêmeas, uma filha e uma neta de Sudan.
Há, no entanto, um plano para ressuscitar o rinoceronte. Além de cientistas terem recolhido material genético de Sudan, para ser eventualmente usado no futuro, um instituto alemão tem guardado sémen de outros machos. A ideia passa por recolher ovos das duas fêmeas restantes (Najin e Fatu), com vista a implantar os embriões em fêmeas de rinoceronte-branco-do-sul.
Não será tarefa fácil, nem barata – tem um custo de quase 10 milhões de euros. Além disso, a tecnologia ainda não é viável. “Vamos esperar até as técnicas de fertilização in vitro estarem suficientemente desenvolvidas e testadas para nos dar uma hipótese razoável de uma transferência bem-sucedida do embrião”, explicou Jan Stejskal, do zoo checo de Dvur Kralove, proprietário dos últimos animais (que, tal como Sudan, vivem no Quénia).
A caça furtiva é o maior inimigo de todas as espécies de rinoceronte, todas elas em perigo iminente de extinção (já só há, por exemplo, 67 rinocerontes-de-java). A procura de cornos de rinoceronte para serem usados na medicina tradicional chinesa e noutros tipos de mezinhas na Ásia é, de longe, a principal razão para a matança destes animais.