A instalação sonora Drop (2012), da holandesa Marijke van Warmerdam – com o som de uma bola de ténis a cair numa escada –, foi a última obra adquirida para a Coleção de Serralves e uma das que podem ser vistas na grande exposição deste verão, a ocupar o museu, a casa e o parque. Viagem ao Princípio: Ida e Volta não serve apenas para assinalar os 30 anos da Fundação de Serralves e os 20 do Museu de Serralves. É bem mais do que isso. Philippe Vergne, diretor do museu, vê nesta mostra, com cerca de 80 artistas e mais de 130 obras, “um mapa para entender o passado de Serralves e olhar os projetos para o futuro”. “É uma coleção radical ao nível das ideias” que conta, ao mesmo tempo, “a história da instituição e a sua envolvência com a comunidade”.
Sem obedecerem a uma ordem cronológica – “tentou-se estabelecer um diálogo entre obras e artistas”, justifica Marta Almeida, curadora e diretora-adjunta –, as dezenas de trabalhos contam o passado da instituição, desde a altura em que a fundação abriu, em 1989 (o museu nasceria dez anos depois), com um núcleo seminal reunido pela equipa de Fernando Pernes. São dessa época obras de Álvaro Lapa, Ângelo de Sousa, Novembro 3 de António Dacosta ou, entre outras, as pinturas de Joaquim Rodrigo (Córdoba). Da Circa 1968, exposição-manifesto que inaugurou o museu, em 1999, observam-se obras do norte-americano Richard Serra, do francês Christian Boltanski ou do sérvio Dimitrije Mangelos.
Nas várias salas, a relação com o Porto está, por exemplo, num filme de Charlotte Moth ou na série de fotografias de André Cepeda, nos bairros de São Victor e Antas. Observa-se, ainda, a arte e a luz de Pedro Cabrita Reis, os desenhos de Maria Nordman, a instalação Joana, de Ana Jotta, os desenhos de Alberto Carneiro, as fotografias do inglês Hamish Fulton… A mostra extravasa para o parque (com obras de Claes Oldenburg/Coosje van Bruggen, Ângelo de Sousa, Cildo Meireles, Dan Graham…) e para a Casa de Serralves, onde se encontram criações pensadas para aquele edifício art déco: o lustre de Richard Tuttle, a obra/performance Tango, de Albuquerque Mendes, uma instalação de Pedro Barateiro ou os tecidos bordados à mão de Lourdes Castro, em jeito de uma viagem pela História da Arte do século XX.
Em 2019, ano de celebrações, a coleção de Serralves mostra-se, também, na Câmara Municipal do Porto (com obras de Rui Chafes e Matt Mullican) e no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, em Matosinhos (com obras de Tatjana Doll, Katharina Grosse e Adrian Schiess).
Viagem ao Príncipio: Ida e Volta > Museu, Casa e Parque de Serralves > R. D. João de Castro, 210, Porto > T. 22 615 6500 > até 3 nov, seg-sex 10h-19h, sáb-dom, fer 10h-20h > €18