Se não valesse por mais nada, Agradar, Amar e Correr Depressa, o novo filme de Christophe Honoré, valeria pela sua magnífica banda sonora, retrato incisivo do início da década de 90, entre a onda de Manchester e o trip-hop. Mas o filme vale por muito mais do que isso. Faz um retrato quase nostálgico de uma época e de um ambiente assente num universo gay consciente e algo promíscuo ou leviano, uma época em que foi preciso lidar com os graves casos do então ainda recente e mais fatal vírus VIH.
Ao mesmo tempo, conta uma bela história de amor entre um jovem estudante bretão e um escritor parisiense frustrado. Há aqui, sem dúvida, o culto da beleza física e o estabelecer de um código e de regras de engate, mas também uma enorme inteligência reflexiva e humor intrínseco das próprias personagens. Nisso, faz pensar em Chama-me Pelo Teu Nome, o filme do italiano Luca Guadagnino, com argumento de James Ivory, nomeado para os Oscars.
Mas neste filme as premissas são muito diferentes. Enquanto em Ivory a revelação do amor se encontra com a revelação e assunção da orientação sexual, em Honoré parte-se do princípio de uma promiscuidade física já assumida, e a grande revelação já não é a prática sexual mas apenas o amor, num sentido mais idílico. Excelentes interpretações de Vincent Lacoste e Pierre Deladonchamps, que nos fazem acreditar nas personagens.
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Agradar, Amar e Correr Depressa > De Christophe Honoré, com Vincent Lacoste, Pierre Deladonchamps, Denis Podalydès > 132 minutos