Quando anunciou o falecimento da artista, há cerca de um mês, aos 79 anos, a galeria londrina Matt’s Gallery descreveu Susan Hiller como “uma voz única e idiossincrática, uma grande artista, escritora, pensadora e, para muitos, mentora”. Hiller, nascida na Florida, EUA, em 1940, estimulava o público à reflexão através do vídeo, do som e da antropologia, aliando a sua arte conceptual ao interesse por rituais místicos e fenómenos paranormais.
A instalação interativa Die Gedanken sind frei [Os pensamentos são livres], de 2012, que se apresenta no Museu de Serralves – onde a artista esteve em 2005 – integra a coleção de Serralves e inaugura, agora, a celebração dos 30 anos da fundação. Esta obra da artista norte-americana propõe-nos que, sentados em bancos por ela desenhados, escutemos, a partir de uma jukebox, cem canções (à escolha) sobre o tema da liberdade política e da paz, colecionadas pela própria Susan Hiller. Entre elas, estão Working Class Hero (John Lennon), Star Spangled Banner (versão de Jimi Hendrix) ou Civil War (Guns N’Roses).
“As músicas são originárias de várias geografias e de culturas muito diversas, desde a Guerra dos Camponeses na Alemanha (1524) até à Primavera Árabe de 2011”, sublinha-se. As letras das canções podem ser encontradas nas paredes, bem como num livro-cancioneiro com textos e imagens. Esta obra foi originalmente apresentada, em 2012, na Documenta 13, uma das maiores exposições de arte contemporânea do mundo (em Kassel, Alemanha), onde a artista regressou há dois anos, por ocasião da Documenta 14. Nessa altura, apresentou dois vídeos, The Last Silent Movie (2007–2008) e Lost and Found (2016), nos quais se incluíam gravações de línguas extintas e em vias de extinção.
Susan Hiller – Coleção de Serralves > Museu de Arte Contemporânea de Serralves > R. D. João de Castro, 210, Porto > T. 22 615 6500 > até 30 jun, seg-sex 10h-18h, sáb-dom 10h-19h > €12