No ano passado, 60 das maiores empresas dos Estados Unidos da América não pagaram impostos, sobre o valor de 79 mil milhões de dólares. Quem nunca desejou deixar de pagar impostos que atire a primeira pedra. Neste filme (1h35), o espectador fica a conhecer a vida secreta do dinheiro de pessoas que estão a pedir um crédito ao futuro (bela definição de paraíso fiscal e offshore). Os atores Gary Oldman e Antonio Banderas são os cicerones de uma espécie de lição sobre a maior trafulhice financeira da história da democracia. Oldman e Banderas interpretam os papéis dos advogados Jürgen Mossack e Ramón Fonseca, respetivamente, donos da falida Mossack Fonseca, que não gostaram de se ver retratados nesta realização de Steven Soderbergh. Entretanto, já deram entrada com um processo por difamação contra a Netflix e tentaram que o filme não fosse exibido na plataforma de streaming. “Somos pintados como advogados sem qualquer preocupação moral, envolvidos em esquemas de evasão fiscal, lavagem de dinheiro, suborno e outras condutas criminais”, lê-se na queixa que ambos apresentaram a um tribunal dos EUA. Presos preventivamente em março deste ano, e dois anos depois da divulgação dos Panama Papers, as autoridades acusam os sócios de lavagem de dinheiro. Como o seu julgamento vai começar em breve, interessa-lhes muito pouco má publicidade.
Já a presença de Meryl Streep no elenco não poderia ser melhor chamariz para um filme classificado como comédia, mas que só daria vontade de rir se não soubéssemos que os factos são reais. A atriz de 70 anos encarna o papel de uma viúva que descobre as ligações fraudulentas entre seguradoras, empresas-fantasma e a gigante Mossack Fonseca. Alegadamente.
Laundromat: O Escândalo dos Papéis do Panamá > Disponível na Netflix