Antes que seja acusada de saudosismos bacocos, cá vai o mais importante desta croniqueta: a Capela de Santo Amaro pode ser visitada de terça a sexta-feira, entre as 11h e as 17h30, e todos os primeiros e terceiros fins de semana de cada mês. Para quem já anda lá por cima, é fácil dar por ela, no encontro da Calçada de Santo Amaro com a Rua Gil Vicente. Começando numa cota mais abaixo, suba-se a escadaria de frente para o Museu da Carris, como faziam os peregrinos que ali iam em romaria, deliciando-se com a vista para o Tejo.
Não sou do tempo das festas em honra do monge beneditino, que se realizavam no largo desta ermida renascentista, entre 15 de janeiro e 2 de fevereiro, atraindo galegos emigrados em Lisboa. Eles gostavam de acreditar que ela fora mandada construir por uns mareantes vindos da Galiza, milagrosamente salvos de um naufrágio. Eu gosto de imaginar um arraial ao som de gaitas de foles e dançarinos de colares de pinhões ao pescoço.
Tenho saudades de comer pinhões enfiados numa linha e quero crer que Santo Amaro, nascido na Úmbria, sob o Império Bizantino, conhecido por curar males de pernas e braços, não acharia um sacrilégio. Também aposto que ele iria sentir-se em casa nesta capela forrada a azulejos com anjos, pássaros e flores.