Margarida Branco sempre gostou de viajar e de recolher o máximo de informação sobre cada destino, antes de partir. “Os aspetos mais práticos eram fáceis de descobrir, mas nunca encontrava histórias sobre os sítios, num registo mais de romance”, conta à VISÃO. Com essa ideia em mente, criou, em 2006, o site Ler por aí (lerporai.com), “tipo um guia de viagem literário”, com uma lista de países e cidades e respetivos livros para ler nesses locais. “Eu trabalhava em logística, precisava de um contraponto.” Pouco tempo depois, nasceram as iniciativas ligadas aos livros, como um passeio pela capital à boleia de O Último Cabalista de Lisboa, de Richard Zimler, um chá que recriou a atmosfera de O Leopardo, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, ou um jantar com especialidades africanas de diferentes países, ligado a Viagem por África, de Paul Theroux. “Foi nessa altura que se juntou ao projeto o Luís Serpa, que é marinheiro e ficou para sempre um sócio afetivo.” São dele, por exemplo, as cartas náuticas que forram as mesas do Ler por aí… Café e que marcam o tom do novo sítio dos Anjos: este é um local para viajar. E ler, claro está.
Ao longo de 13 anos o projeto foi crescendo, sempre com o objetivo de um dia o materializar num espaço físico. Abriu a 21 de março, Dia Mundial da Poesia – “apesar de ter sido sempre a prosa que nos envolveu desde o início” –, e funciona em dois andares. Ao nível da rua está o balcão de cafetaria, onde Margarida prepara refeições leves e petiscos, inspirados em várias latitudes. De Itália vêm as beringelas assadas no forno com alecrim (€3), da Grécia o tzatziki (€3), de Espanha a tortilha (€2,50), de Inglaterra a sanduíche de pepino (€2,50). No andar de baixo estão as paredes forradas a livros, todos para venda. “São sempre livros de lugares, que se passam em algum sítio. Não é tanto literatura de viagens.”
É também na sala de baixo que acontecem as várias iniciativas, como o karaoke de leituras, com projeção de excertos para ler, o Portuguese Conversation Club, para estrangeiros que queiram praticar português, os workshops de leitura em voz alta ou o ritual da Sagrada Família. “Pegamos num livro por mês [em abril foi A Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto] e ele passa por casa de quatro famílias que o acolhem e, no fim, há um momento de leitura comum.” Também recebe viajantes com histórias para contar, pretende retomar os jantares e ter mais música. “Estamos no início ainda.”
Ler por aí… Café > Rua Jacinta Marto, 10 B, Lisboa > T. 21 160 2233 > seg-sex 16h-24h, sáb-dom 11h-24h