Assim que se abrem as portas, em direção aos trilhos ao ar livre, surge de imediato o imponente e colorido Quetzalcoatlus. Este pterossauro, que apesar de próximo ainda não é um dinossauro, tem desde o início de março uma nova companhia, um Tylosaurus que, estando dentro de água, é uma pista segura quanto ao objetivo desta nova visita: descobrir o trilho dos Monstros Marinhos do Dino Parque, na Lourinhã, inaugurado no passado dia 1 de março.
A novidade assinala o primeiro aniversário deste parque temático de dinossauros, o maior da Europa em área e percursos, que em apenas um ano recebeu mais de 350 mil visitantes, muito acima dos 200 mil previstos. Os 30 modelos de animais, feitos de resina, esferovite, fibra e estruturas de ferro, começaram a chegar em fevereiro, pois não é fácil transportar peças com a dimensão de camiões TIR para o meio do Pinhal dos Camarnais, onde está o parque, e por onde passam agora cinco trilhos – Paleozoico, Triássico, Jurássico, Cretácico e Monstros Marinhos.
É o paleontólogo Simão Mateus, diretor científico do Dino Parque, que nos guia nesta nova aventura. O passeio com cerca de 800 metros leva os visitantes numa viagem de há 450 milhões de anos até ao presente. “Estão aqui espécies que ainda hoje existem”, atira, antes de entrarmos no percurso.
‘Sarcosuchus’, o caçador de ‘T.rex’
Um Xiphactinus (peixe ósseo “sardinha”) e um Cretoxyrhina (tubarão) anunciam o que aí vem: tartarugas e lulas gigantes, tubarões, peixes couraçados. Avançamos pelo caminho de terra batida, com os animais enquadrados com a vegetação, tal como nos outros trilhos, só que aqui reproduzem-se os ambientes aquáticos, com lagos e cenários (inspirados na cenografia de Hollywood), que acompanham a evolução destas espécies marinhas.
O primeiro gigante a aparecer é um escorpião marinho com cerca de 1,80m, reproduzido à escala, seguido do Dunkleosteus, o maior peixe couraçado do período Devónico (conhecido por Idade dos Peixes). Depois, cruzamo-nos com a Parapuzosia (Amonite), “particularmente famosa na paleontologia”, segundo Simão Mateus, e o Ophiderpeton, um anfíbio que perdeu os membros e mostra a primeira vez que os vertebrados evoluíram para corpos sem patas. Atravessando a ponte de madeira, junto ao lago onde está a Archelon, ou tartaruga-governante, a maior que alguma vez existiu, o paleontólogo aproveita para dar mais uma explicação. “Os crocodilos, as tartarugas e os tubarões foram muito estáveis em termos evolutivos, por isso são muito parecidos ao que se vê hoje”. Confirmar-se-á mais à frente, quando virmos o Sarcosuchus (um crocodilo) – o único animal que podia caçar o T.rex, que está logo ali ao lado, no trilho do Cretácico, que corre paralelo –, e o impressionante Megalodon, um tubarão de 14 metros, colocado quase no final do trilho, perto dos manatins, do cachalote e da lula gigante.
Não querendo contar muito mais, mas a abrir o apetite para uma visita, refira-se ainda a curiosa história do Plesiossaurus, um réptil marinho do Jurássico Inferior. Os avistamentos de uma criatura estranha no lago Ness são atribuídos a esta espécie, no entanto, isso não seria possível, porque, como conta Simão Mateus, “a água deste lago só se formou há dez mil anos, muito depois da extinção dos dinossauros”. E esta, hein?
Dino Parque da Lourinhã > R. Vale dos Dinossauros, 25, Abelheira, Lourinhã > T. 261 243 160 > jan-fev, out-dez, seg-dom 10h-17h (última entrada 15h30); mar-mai, seg-dom 10h-18h (última entrada 16h30); jun-set, seg-dom 10h-19h (última entrada 17h30) > €13, €9,90 (4-12 anos), grátis (0-3 anos), bilhete família a partir de €32,50 (2 adultos e 1 criança)