Ler com toda a (c)alma: 17 livrarias de Lisboa e do Porto onde resistir é vencer
Roteiro pelas 17 livrarias de Lisboa e do Porto que, com todo o engenho e arte, têm resistido às grandes cadeias. E que, página a página, conseguiram conquistar os seus pequenos-enormes leitores
Fazia falta uma livraria como esta em Lisboa e que pena não existirem muitas mais assim. A Baobá, de portas abertas em Campo de Ourique há um ano e pouco, tem as estantes repletas apenas de livros infantis e juvenis. Aos títulos da Orfeu Mini, a chancela para os mais novos da Orfeu Negro, responsável pela livraria, juntam-se os de outras editoras e, juntos, espalham-se por este rés do chão, que mantém as divisões de uma casa: sala, corredor, quartos, cozinha (onde nos podemos sentar a ler na antiga chaminé), marquise, pátio… Não faltam ilustrações por aqui – nas páginas dos livros e na parede – e é certo que, aos sábados, há sempre animação, com contadores ou lançamentos de livros. Já em janeiro, promete-se “fazer frente ao medo” com um ciclo de histórias escolhidas a dedo (vale a pena consultar a agenda da livraria). É entrar e acreditar que, ali, tudo é possível – até uma árvore ter as raízes viradas para o céu.
Mandam as regras da boa escrita jornalística que não se devem utilizar palavras inglesas. Mas, como as regras também existem para ser quebradas, escreva-se que a expressão “shop around the corner” assenta muito bem à atual Pó dos Livros. E diz-se atual porque, em 2008, a livraria fundada por Jaime Bulhosa, conhecido livreiro lisboeta, abriu na Avenida Marquês de Tomar, tendo-se mudado (vai para três anos) para a loja de esquina da Duque de Ávila onde, em tempos, funcionou a Dyrup. Nos últimos anos – obrigada ciclovia! –, ali nasceu toda uma outra avenida e, para isso, também contribuiu a Pó dos Livros, com os muitos livros novos, alguns em segunda mão, uma ou outra novidade, um ou outro best-seller e, sobretudo, um extremo cuidado na seleção de uns e outros. Ao balcão, há sempre alguém que sabe o que faz e que pode ajudar a encontrar o que se pretende. Lá atrás, a zona das crianças, aqui pouco ou nada desprezadas, e um grande sofá preto em pele. Apetece sentar e ficar. Estar. S.B.L.
O nome diz logo ao que vem: a Distopia não quer ser uma livraria igual às outras. “Além de ser um género literário que nos diz muito, as distopias da literatura têm um fator de resistência e de alerta para questões políticas e sociais que nos interessa”, diz Sónia Silva, que, juntamente com Bruno Silva, abriu a livraria em outubro de 2015. E não é por já irem na terceira morada – começaram na Rua da Escola Politécnica, passaram pelo Entretanto, e há quase um ano que estão na Rua de São Bento – que mudaram a filosofia. Ali, ao lado das novidades editoriais, encontram-se muitos títulos de fundo de catálogo, raros no mercado, e que lhes deram clientes fiéis desde os primeiros dias. “Na livraria Distopia, numa aparente contradição, acredita-se que a Literatura, a Música, a Cultura e as Artes de uma forma geral são fundamentais para uma sociedade mais livre, onde conhecimento, entretenimento e imaginação andam a par”, explicam. Por isso, apostam também numa secção grande de música (cds e vinis), aproveitando a experiência de Bruno nesta área, e numa zona dedicada aos leitores infanto-juvenis. E têm até uma pequena sala de leitura.
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