Aqui celebram-se 25 anos, um quarto de século bem medido, de uma carreira única na música contemporânea portuguesa – a de alguém que começou a inventar umas canções “inspiradas pelos grupos que ouvíamos, os Joy Division ou os Echo & the Bunnymen, e não a aprender a tocar muito bem coisas dos Beatles ou dos Rolling Stones, como faziam outros colegas nossos no liceu”, disse à VISÃO, em 2015. O caminho musical a percorrer por Rodrigo Leão era, então nos anos 80, com epicentro na Avenida de Roma, Lisboa, impossível de prever.
Depois de ser uma peça central em projetos tão importantes como os Sétima Legião e os Madredeus, Rodrigo conseguiu, em nome próprio, mostrar-nos a música que habitava na sua cabeça. Tudo começou em 1993, com um surpreendente disco clássico, Ave Mundi Luminar, cantado em latim. Este notável best of revisita uma discografia vasta que, atravessando géneros e registos (bandas sonoras para filmes, séries e uma instalação artística, peças sinfónicas, canções pop…), tem uma sólida coerência. Com uma matriz melancólica sempre presente, Rodrigo Leão conseguiu encontrar o seu som (e não precisou, para isso, de uma formação musical que o tenha familiarizado com pautas e notas escritas), identificável ao fim de alguns segundos. Esta antologia arruma-se em dois CD: o primeiro dedicado a canções (com várias vozes), o segundo a instrumentais.