Ainda não tínhamos olhado uma segunda vez para a fachada, alinhada numa das principais avenidas do Funchal, nem identificado os bonsais da entrada, e já nos entregavam um copo de champanhe e um convite de almoço. O Savoy Palace, um resort cosmopolita, em soft opening desde o início do verão, queria assim definir o destino e marcar a experiência de cada hóspede. Membro da cadeia de hotéis de luxo The Leading Hotels of the World, o novo cinco estrelas da ilha da Madeira é grande, moderno, sem perder os ecos do passado.
Por ser um hotel antigo, o consenso não foi fácil. “Há um sentimento de pertença partilhado por muitas pessoas”, diria Nini Andrade Silva, 57 anos, num almoço, dois dias depois. O Savoy teria de se reinventar, dentro da modernidade atual, sem perder as referências históricas. “É mais o que se sente do que o que se vê”, sublinharia a designer de interiores, que optou por trazer a Madeira para dentro do hotel. A ilha está no rendilhado dourado, inspirado nas formas e nos desenhos do bordado madeirense, presente no corrimão da escada, a lembrar um coreto, na ponte da piscina exterior, nos quartos. Além do mobiliário feito à medida, há peças do antigo Savoy e os uniformes foram desenhados pela designer de moda Fátima Lopes.
Mil e uma mesas
Com vista sobre o mar e a montanha, o hotel observa-se de toda a cidade. A forma de onda, em betão e vidro, dilui-se na paisagem, com mais de 250 espécies de plantas. O edifício tem 16 pisos, com 352 quartos, incluindo 43 suítes e 14 pool suítes, e, na cobertura, onde ficam as suítes presidenciais, há duas piscinas infinitas. De um lado, está o Galáxia, composto por um bar de cocktails, a cargo de Nelson Antunes, um lounge e um restaurante, com uma ementa à carta, criada pelo chefe de cozinha Carlos Gonçalves.
Aberto apenas para jantares, tem pratos como tempura de bodião, maionese de alho fermentado, pickle de cebola e molho unagui, e camarão obsiblue com trigo pilado e caldo. “É cozinha portuguesa experimental, sem regras e dependente do que há no mercado”, resume o chefe de 36 anos. Do lado oposto, encontra-se o Jacarandá, lounge e clube, com piscina e restaurante exclusivos para os hóspedes das suítes, semelhante a um boutique hotel, dentro do resort. “Temos um produto exclusivo para os clientes mais exigentes”, sublinha Ricardo Farinha, o diretor comercial.
Já no restaurante Alameda, no rés do chão, o registo é descontraído, com opções mais simples, como o carpaccio de polvo, o atum à portuguesa ou a trilogia de crème brûlée, panna cotta e tarte de maçã, servida à sobremesa. É no restaurante Hibiscus, sobre a piscina exterior, que é servido o pequeno-almoço. Aos ovos Benedict, aos crepes de massa fofa e aos iogurtes caseiros juntam-se os sumos naturais e a fruta da ilha.
Experimentada a piscina, à sombra de palmeiras, já nos aguardavam no spa, inspirado na floresta Laurissilva, Património Mundial pela Unesco. Em três mil metros quadrados, encontra-se um percurso de água quente e fria, com calhaus pretos, inspirado nas levadas,e a piscina com cascata, que se acede através de um túnel (ou furado, como se chama por aqui). Além da massagem de pés, ritual de boas-vindas, a terapeuta, em movimentos suaves, mas vigorosos, deixa-nos quase a dormir. O sono, descansado, esse teria lugar numa cama, a lembrar uma nuvem branca, feita de lençóis macios.
Regressemos ao último piso, onde o cenário mais impressiona e, pelos comentários de quem está próximo, não é apenas a nós. Ao longe, o Sol vai-se pondo, tingindo a baía do Funchal de uma luz amarela que se reflete no mar, nas casas, na piscina. Beba-se então um cocktail, pois os outros elementos para uma luxuosa estada já cá estão.
Savoy Palace > Av. do Infante, 25, Funchal > T. 291 213 000 > quartos a partir de €200, suítes a partir de €350