O nome composto resulta da relação entre o restaurante atual e a churrasqueira que o precedeu, e corresponde a duas fases do projeto do casal Maria de Jesus e Dionísio Ferreira: primeiro a churrasqueira, que abriu há 25 anos, feitos no dia 10 deste mês, com frango, batatas fritas, pão e outras coisas do género que eram vendidas para fora; depois o restaurante, já sem take-away, como agora se diz, e com instalações mais amplas e gastronomia renovada com produtos variados e de qualidade muito superior. Ao casal fundador juntaram-se o filho, Pedro, e a nora, cuja presença foi decisiva para a evolução rápida e sólida do restaurante, mas nunca esquecendo o seu passado. “Há de chamar-se sempre Churrasqueira”, diz Pedro Ferreira.
Tem três salas, a última das quais aberta para a cozinha, com paredes de mosaico a imitar tijolo burro e madeira (em parte, caixas de vinho verdadeiras, que constituem uma garrafeira extensa e atraente). Entre as duas primeiras salas há um pequeno balcão de serviço com montras de peixes e de carnes que, a par das prateleiras de vinhos, são as bem-aventuranças da casa. A comida é de conforto com culinária simples, mas muito cuidada, e produtos de alta qualidade. Dionísio, o pai, que trabalha em restaurantes desde os seus 12 ou 13 anos, trata da cozinha (pena o afastamento da mãe, por doença) e Pedro, o filho, que é formado em Hotelaria, domina a sala.
Mais de 90% dos peixes e das carnes vão ao calor das brasas antes de chegarem à mesa, acompanhadas de legumes que variam conforme a época e a praça (feijão-verde, couve, brócolos, batatas a murro, com os peixes; legumes, batatas fritas em rodelas grandes e estaladiças, arrozes vários, com as carnes), cozinhados e apresentados de forma simples mas rigorosa. Há sempre dourada (que não se diz e não é, nem podia ser, do mar àquele preço, mas que irradia frescura), tal como a garoupa e os chocos, adquiridos diariamente na praça, podendo juntar-se-lhes cantaril, pregado, peixe-espada preto e outras espécies, sendo o critério de escolha sempre baseado na frescura. Nas carnes prevalecem: vazia (de peças inteiras) e costeleta de vitela, secretos de porco preto e coelho, que é desossado e fica muito apelativo. O “prato do pai” é uma sugestão do dia assim distribuída: domingo e quarta-feira, no inverno, cozido à portuguesa, digno do nome que tem; quinta-feira, cabrito assado no forno, também soberbo; sexta-feira e sábado, arroz de lingueirão, leve e guloso; sobra terça-feira, em que há surpresa, como por exemplo carapauzinhos fritos com arroz de grelos malandrinho. Há sempre três pratos de bacalhau (cozido com grão, à Brás e à D. Pedro, que é o popular lagareiro), bifinhos com cogumelos, bife à Dionísio (frito com o gosto tradicional do molho feito com o seu suco, alho, louro e vinho) e carne de porco à alentejana. Boa doçaria tradicional com destaque para as farófias (claras bem cozidas, que se mastigam, e molho espesso, guloso, com base em leite-creme). Excelente garrafeira com muitos vinhos de pequenos produtores sem expressão comercial. Serviço eficiente e simpático.
Churrasqueira D. Pedro > R. Álvaro de Campos, 1, Loja 1, Ramada, Odivelas > T. 21 934 2833 > ter-sáb 12h-15h, 19h-22h, dom 12h-15h > €25 (preço médio)