Durante uma pausa de um ano, Leopoldo Garcia Calhau aproveitou para viajar, estudar e provar diferentes pratos. Mas acima de tudo teve tempo para estar com os dois filhos, António, de 8 anos, e Rafaela, de 6. “Só não deu para descansar”, diz sem hesitar. “Agora regresso com a matéria estudada”, nota o cozinheiro que, em 2014, abriu o restaurante Sociedade, na Parede, em Cascais, mudando-se, dois anos mais tarde, para o Café Garrett, no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa. Desde a primeira semana de junho que a Taberna do Calhau, na Mouraria, serve comida simples mas bem feita, principalmente com receitas alentejanas, vinhos de pequenos produtores e azeites de cinco regiões portuguesas. “Para mim, o Alentejo representa a família. O meu pai nasceu em Vila Alva, no concelho de Cuba, onde em pequeno passava mais de um mês de férias. Tenho sempre o Alentejo em casa através dos meus pais, e é esse prolongamento que quero ter aqui”, explica Leopoldo, formado em Arquitetura, que encontrou na cozinha uma outra vocação.
A ementa, que se divide em cinco categorias – ovos, bacalhau, pão, quentes e frios –, aposta em pratos desde os mais simples, como ovos e pimentos (€7), linguiça assada (€6,50), cabeça de xara (€5) e gaspacho (€4,50) aos mais criativos, como a Alentejaninha (€9), uma bochecha de porco alentejano com molho inspirado na francesinha, e a Cervejaria (€6), feita com camarões e tremoços, dois pratos que “construí nesta casa mas que já andavam na minha cabeça há algum tempo”, diz Leopoldo. O pão é o elemento transversal. “Temos poucas guarnições mas alguns molhos e caldos, por isso o pão é fundamental.” Para recriar o ambiente de uma verdadeira taberna alentejana, Leopoldo comprou o recheio de uma antiga tasca em Beja. Às mesas com tampos de mármore juntam-se os bancos de madeira, os quadros com figuras inusitadas e as malas de viagem que deixaram o Baixo Alentejo para se instalarem no Largo das Olarias. Nesta nova casa, o taberneiro Leopoldo, como gosta de ser apelidado, faz o exercício de 1+1 igual a 3: “Os dois primeiros restaurantes geraram a Taberna do Calhau, que não é tão inocente como o primeiro, já o Café Garrett serviu para testar muita coisa. Na Mouraria, a única ambição que tenho é ter a casa cheia.”
Taberna do Calhau > Lg. das Olarias, 23, Lisboa > T. 21 585 1937> seg, qua-sáb 12h-15h, 19h-24h, dom 18h-24h