A funcionar desde finais de 2013, o Papa-Figos tem uma cozinha baseada nos produtos e sabores tradicionais da região. No princípio, o elemento agregador foi o figo, que aparecia em tudo, das entradas aos pratos principais e às sobremesas. O conceito evoluiu, abrindo-se a outras influências, mas sem perder o foco no que mais e melhor caracteriza a região. É o caso do cabrito assado no forno que, durante o o ano, faz-se de diferentes maneiras, por encomenda. As duas salas do restaurante, registe-se, estão mais acolhedoras, com novo teto e melhor insonorização, mantendo o chão de lioz, as mesas de madeira nobre, as cores neutras, a luz natural, a discreta elegância do ambiente. Estamos ali como em casa.
A cozinha mostra-se mais inovadora – os risotos que acompanham as carnes grelhadas são bons exemplos –, mais solta e moderna, sem perder a sua identidade regional. Cresceu a ementa, que é extensa e diversificada, embora o essencial esteja contido no primeiro capítulo, dedicado às Sugestões do Chefe, no qual constam, para entrada: cogumelos recheados com figo, bacon e queijo da Ilha; alheira com ovos mexidos e espargos; morcela de arroz com maçã e canela; e trilogia Papa–Figos, que reúne porções mais pequenas das três sugestões anteriores. Podem juntar-se-lhes outras, como a “broa, grelos salteados, bacalhau confitado e vinagre balsâmico”, composição simples, deliciosa. Nos pratos principais estão dois dos mais emblemáticos, ambos coevos da casa: bacalhau à Papa-Figos, confitado, com crosta de frutos secos e mel, acompanhado com feijão-verde salteado e puré de grão (sem vestígio de cascas, por ser triturado e filtrado); e magret de pato à Papa-Figos com redução de laranja e figo, puré de pera bêbada e arroz de chouriço e cogumelos, num conjunto muito equilibrado, rico e saboroso.
Outras propostas a considerar são, nos peixes: arroz de polvo com feijão-preto e bacon à dr. Carlos Nuno, segundo receita de um cliente, que resulta numa iguaria original e gostosa; bacalhau à lagareiro, que realça a qualidade do bacalhau, do azeite e de quem o grelha; e garoupa braseada com sementes de chia e sésamo, boa posta com risoto de grelos e espargos salteados; nas carnes: lombo de vaca, simplesmente grelhado, leva um toque de azeite fervido e alho, e é servido com um risoto de cogumelos; toiro de lide, grelhado de modo idêntico ao anterior e servido com risoto de grelos, puré de castanhas e abacaxi grelhado. Quanto ao cabrito, é assado no forno com um molho original, batatas assadas, arroz e os inevitáveis grelos (dose €18).
Excelente doçaria, bem representada no leite-creme com figo preto e flor de anis, na musse de chocolate com ginja e praliné, na tarte de amêndoa com creme de figo e no gelado “à Papa-Figos” (nata, figo pingo-de-mel, amêndoa caramelizada e café). Garrafeira com boa dimensão e melhor qualidade, incidindo no Alentejo e no Douro. Serviço atento e simpático.
Papa-Figos > R. de São José, 21, Torres Novas > T. 249 405 515 / 91 950 2069 > seg-sáb 12h-15h, 19h-22h30, dom 12h-15h > €25 (preço médio)