Outra vez a lampreia – repulsiva como animal, divina como iguaria – a invadir o espaço do vinho nesta rubrica. Depois de ter sido casada, na última edição, com um vinho verde tinto clássico, obviamente criado no Minho, ei-la acompanhada, agora, com um verde tinto moderno, que também chega das terras minhotas pela mão do enólogo Anselmo Mendes, a quem chamam o “pai do Alvarinho”: o Pardusco. É um vinho invulgar, de aroma exuberante, cheio de fruta e de frescura, que se diria nascido para esta parceria.
A ligação da lampreia ao verde tinto é a mais tradicional, baseando-se no suposto equilíbrio entre o sabor intenso com um toque avinagrado do prato e a grande acidez do vinho, mas não faltam defensores de uma aliança entre a lampreia e o espumante tinto, vinho igualmente caracterizado pela acidez e pela frescura elevadas. E há quem prefira, como eu, aliar à lampreia, que tem sabor intenso, sim, mas aveludado, quando bem-feita, um vinho maduro tinto encorpado e envolvente.
Ora, como o País é rico em vinhos de todos os tipos e com os mais diversos estilos, estão sempre a aparecer novidades no mercado, entre as quais destacamos o Cedro do Noval Vinho Regional Duriense Tinto 2016, da Noval, e o Quinta do Penedo Reserva Dão Tinto 2013, das Caves Messias. São muito gastronómicos, ambos, com estrutura e garbo para acompanharem uma boa lampreia, embora não seja propriamente essa vocação deles. Caracteriza-os, também, o facto de expressarem bem as suas regiões, Douro e Dão, respetivamente. A seu favor acresce, ainda, o preço cordato.