De acordo com um relatório publicado no site da NASA e posteriormente eliminado, relata o Financial Times, a Google atingiu supremacia quântica, uma grande meta no desenvolvimento de computadores quânticos. Significa isto que, pela primeira vez, conseguiu criar – e resolver – uma operação impensável para um computador normal, que apenas um processador quântico pode resolver.
O cálculo que o processador quântico resolveu envolvia provar a aleatoriedade dos números produzidos por um gerador de números aleatórios. O processador da Google, que a empresa denominou Sycamore, fê-lo em 3 minutos e 20 segundos. Em comparação com a tecnologia de ponta existente nos dias de hoje, o mais potente supercomputador do mundo, o Summit, demoraria 10 mil anos a resolver a mesma operação. Já um computador normal – ou seja, com uma capacidade de processamento mais baixa – nunca o conseguiria fazer.
Apesar deste importante marco, o desenvolvimento de computadores quânticos úteis para tarefas do dia-a-dia ainda se vai desenrolar por vários anos. Contudo, assim que estiverem prontos, estima-se que tenham um enorme impacto em áreas como a criptografia, a química e para o desenvolvimento de inteligências artificiais.
A Google já esperava ter atingido esta meta em 2017, com o desenvolvimento de um sistema quântico de 72-qubits que se revelou demasiado difícil de controlar. Então, reformularam o sistema para 53-qubits e assim nasceu o Sycamore. Um qubit, ou bit quântico, é a unidade de informação medida pelos processadores quânticos. Em vez de “zeros” ou “uns”, como os bits normais, os qubits têm a capacidade de atuar como um “zero” e um “um” simultaneamente, sobrepondo assim dois níveis distintos de informação no mesmo espaço.
Dario Gil, diretor de investigação da IBM, um concorrente direto da Google, afirmou ao Financial Times que a “supremacia quântica” que a Google anunciou atingir é “plenamente errada”. Segundo o especialista, a Google criou um sistema para desenvolver uma tarefa em específico, tornando o sistema obsoleto para qualquer outra operação. A IBM, que também investiga a área da computação quântica, desenvolveu no início do ano um design para processadores quânticos que minimiza a interferência que estes sofrem por via de calor e eletricidade, a que chamou de Q System One.
Outros, como o diretor de hardware quântico da Intel, Jim Clake, revelou-se mais otimista: “Nós, juntamente com a indústria, estamos a trabalhar para avançar rapidamente todas estas áreas, para obter o verdadeiro potencial da computação quântica. E embora este desenvolvimento ainda esteja no primeiro quilómetro da maratona, acreditamos firmemente no potencial da tecnologia”, disse.
A Google não fez qualquer comentário ao relatório nem ao motivo para este ter sido eliminado após a publicação.