Corria o ano de 1992 e uma miúda canadiana, então com 12 anos, fazia um poderoso discurso na sessão plenária na Cimeira da Terra da ONU, que decorria no Rio de Janeiro. Em conjunto com os membros da associação que criou –o grupo ambientalista ECO (Environmental Children’s Organization – Organização das Crianças pelo Meio Ambiente) decidiu viajar até ao Rio de Janeiro, para mostrar aos líderes mundiais que estavam a negligenciar o planeta.
Em apenas seis minutos,o seu discurso intenso – mas pragmático – em defesa do ambiente arrancou aplausos por todo o mundo. Melhor, até ouviu Al Gore, então um jovem senador (seria só em 2006 que Gore lançaria Uma Verdade Inconveniente, o famoso documentário sobre aquecimento global e alterações climáticas, que lhe daria um Oscar e o Nobel da Paz) dizer que o seu discurso fora o melhor da conferência.
Embora à época ainda não se falasse em alterações climáticas, Severn abordou muitos temas semelhantes aos da ativista sueca de 16 anos, Greta Thunberg, que esta semana arrasou a ONU – depois de acusar os líderes mundiais de lhe terem roubado a infância e ainda lhe apontar o dedo: “Como se atrevem?”.
O vídeo desse famoso momento de Severn em 1992 acabaria por varrer a internet alguns anos depois, ao ser carregado para o Youtube, sob o título “A miúda que silenciou o mundo durante cinco minutos”. E desde então já foi visto mais de 30 milhões de vezes.
Nele, Severn conta que dos efeitos do ar que respira ou de simplesmente apanhar sol, além de alertar já para a extinção em massa de plantas e animais, instando os países ricos a parar de gastar tanto dinheiro em guerras.
Agora com 39 anos, Severn é, claro, uma proeminente ativista ambiental e durante este tempo todo não saiu de cena. Em 2012, foi uma das figuras do Rio+20 e, a meio de 2017 não resistiu a reunir as amigas e amigos que a acompanharam ao encontro do Rio de 1992 para celebrar os 25 anos dessa viagem.
Daí que, perante a adesão mundial à greve climática iniciada por Greta Thunberg, há um ano, ainda a adolescente sueca tinha apenas 15 anos, Severn só lamente que, entretanto, se tenha comprovado que “os efeitos das alterações climáticas são o expoente máximo de um crime que passou por entre os pingos da chuva de geração em geração.”
“Mas estou de coração cheio” escreveu há dias na sua conta de Instagram, perante as imagens das marchas mundiais na semana passada: “Os jovens estão a mostrar ao mundo como agir, exigindo transformação agora. Mudança humana sim, mudança climática não.”