Lembra-se da sua primeira semana no emprego? Cada dia que passava era uma eternidade. Várias novidades, várias pessoas, várias coisas a acontecer. Mas a verdade é que as semanas foram passando e quando deu por si, já estava há um ano a trabalhar no mesmo escritório. De repente, os dias parecem mais curtos e mais rápidos. Ultrapassado o primeiro ano, os que se seguem parecem-lhe mais efémeros.
O fenómeno parece não fazer sentido, mas desde o século XIX que os psicólogos o explicam através da Lei de Weber (também conhecida como Lei de Weber-Fechner). O que a lei nos diz é que para estímulos de intensidade inferior, a nossa sensação é mais apurada do que para estímulos de intensidade superior. Já explicamos melhor a teoria de Weber e como esta se relaciona com a passagem do tempo.
Primeiro, há que perceber de onde surgiu a teoria. Ernst Heinrich Weber era um psicólogo alemão considerado por muitos o “pai” da psicologia experimental. Em 1834, Weber realizou uma expericiência com o seu aluno Gustav Fechner, que consistia em perceber a capacidade do ser humano de detetar a diferença entre dois pesos.
Se estiver com um amigo ou familiar, experimente fazer o que Weber testou com o seu aluno. Sem lhe dizer os valores, dê-lhe para uma mão algo que pese 100 gramas e para outra algo que pese 150 gramas. Pergunte-lhe qual o objeto mais pesado.
Na experiência de Weber, Fechner não teve dúvidas e acertou na resposta. Mas esta é só a primeira fase do teste. De seguida, dê ao seu parceiro algo que pese 1 quilo e 100 gramas, e outro que pese 1 quilo e 150 gramas. É aqui que o ser humano tem mais dificuldade.
A diferença de peso entre as dois objetos mantém-se mas parece mais difícil detetá-la. Podemos então dizer que a intensidade de um estímulo, que neste caso corresponde ao peso dos objetos, não é diretamente propocional à sensação desse estímulo.
O que vários cientistas e académicos têm vindo a defender é que a teoria de Weber não se aplica apenas a estímulos físicos. A passagem do tempo, por exemplo, pode ser explicada seguindo esta lógica.
Os seus primeiros anos de vida foram uma eternidade. Quando somos crianças, estamos constantemente a contar os dias para o nosso próximo aniversário. Mas essa sensação de espera vai sendo substituída pelo habitual sentimento de que estamos cada vez mais velhos e que o tempo corre contra nós. É assim na vida em geral, é assim em pequenas fases do nosso percurso (como o tempo em que está no novo emprego ou o tempo que passou na faculdade).
Assim, da próxima vez que se sentir a envelhecer demasiado depressa, lembre-se que o relógio não anda mais rápido do que antigamente, mas que se trata de um fenómeno psicológico perfeitamente normal.