“Nunca imaginámos que seria assim tão claro, tão lindo!”, espanta-se o cientista J.T. Heineck, do Ames Research Center da NASA, na Califórnia, à medida que olha para as tão esperadas imagens, conseguidas graças a uma combinação de timing e tecnologia.
Para conseguir “apanhar” a interação das ondas de choque provocadas por dois voos supersónicos, a agência espacial norte-americana equipou um B-200 com um sistema de captação de imagens e fê-lo voar a mais de 9 mil metros de altitude, enquanto dois T-38, o modelo de avião supersónico mais fabricado no mundo, tinham não só de voar em formação como atingir velocidades supersónicas no preciso momento em que se encontrassem exatamente por baixo do B-200.
As imagens agora divulgadas, são, por isso, sublinha a NASA, o resultado de ter três aviões no sítio e hora exatos determinados pela equipa responsável pelo projeto.
As mudanças de pressão rápidas que são produzidas quando um avião voa mais depressa que o som são as responsáveis pelo que é percebido em terra fime como o típico estrondo sónico. Quando são dois aviões a atingir esta velocidade supersónica próximos um do outro, estas ondas de choque fundem-se.
O sistema de câmaras a bordo do outro aparelho permitiu captar este fenómeno a apenas cerca de 600 metros de distância, o que resultou em imagens muito mais nítidas do que todas as anteriores. Os dois T-38 voaram, por seu lado, a cerca de 9 metros um do outro.
“Estamos a ver um nível de detalhe físico aqui que creio que nunca ninguém viu antes”, congratula-se Dan Banks, investigador da NASA.
Um dos principais objetivos deste voo era testar o novo equipamento de fotografia aérea, mas com a demonstração de voo do X-59 QueSST em mente. Esta é a desginação para o avião que está a ser construído pela Lockheed Martin e deverá ultrapassar a velocidade do som sem o estrondo sónico.
Este estrondo fez, por exemplo, com que o Concorde tivesse limites à sua velocidade quando sobrevoava algumas áreas.
No caso do novo avião, o “segredo” do seu silêncio está no desenho da estrutura, concebida de forma a que as ondas de choque supersónicas não resultem nos estrondos. Ed Haering, engenheiro espacial da NASA, explica que o X-59 vai continuar a produzir ondas de choque, mas a sua forma deverá impedir que essas ondas de choque se combinem.