A psicose pós parto é uma condição rara de saúde mental diagnosticada após o parto que ganhou mediatismo nos últimos dias, depois de a cantora Adele demonstrar o seu apoio à melhor amiga, que sofreu com este problema.
Laura Dockrill, autora e ilustradora, foi mãe há seis meses e foi diagnosticada com psicose pós-parto a seguir ao nascimento do bebé. A psicose puerperal é um transtorno psicótico que provoca problemas como insónias, alterações de humor, confusão mental e até delírios e alucinações, fazendo com que as mulheres percam qualidade de vida e podendo mesmo pôr em risco a vida do recém-nascido.
A ilustradora escreveu um artigo a relatar a sua experiência traumática, que foi publicado no site Mother of all Lists, e Adele decidiu partilhá-lo no seu Instagram. A publicação, que já tem mais de um milhão de gostos, teve milhares de comentários de apoio.
“Ela [Laura Dockrill] teve o meu afilhado lindo há seis meses e este foi o maior desafio da sua vida, por várias razões”, escreveu a cantora. E continua: “Ela escreveu o texto mais íntimo, espiritual e comovente sobre a sua experiência de se tornar mãe e ser diagnosticada com psicose pós-parto”, lê-se.
No artigo, a ilustradora conta que, apesar de não ter histórico de doenças mentais e de a gravidez ter sido “um sonho”, foi diagnosticada com esta condição devido a complicações durante o nascimento do filho (teve de ser feita uma cesariana de urgência), que contribuíram para a doença. “Esta doença cruel e selvagem engoliu-me completamente e inesperadamente a mim e à minha família”, escreve.
Laura Dockrill descreve essa fase, em que também se sentia exausta, como “um inferno”: ficou paranóica, com alterações de humor, insónias, delírios, ansiedade e uma depressão severa com uma dose de psicose “adorável”, como diz.
Quando regressou a casa, começou a ter ataques de ansiedade por sentir que era “uma pessoa terrível e uma mãe péssima” e acabou por ser hospitalizada depois de duas semanas.
Apesar de, inicialmente, tentar esconder o que sentia às pessoas mais próximas, a ilustradora refere que falar abertamente sobre a sua experiência ajudou muito na recuperação e que nenhuma mulher deve ter vergonha de ter este problema, já que é um “desequilíbrio químico, uma avalanche de hormonas” que não se consegue controlar.
O objetivo de Laura foi precisamente diminuir o estigma associado à depressão pós-parto, assim como a pressão que é exercida, muitas vezes, sob as mulheres para se tornarem mães.
É importante, também, segundo a ilustradora, aumentar a consciencialização para a psicose pós-parto que, segundo o serviço nacional de saúde britânico, deve ser tratada com emergência médica.