Durante muitas gerações, o Inter-rail, uma espécie de passe que permitia andar de comboio por todos os países da europa durante um mês, foi o verdadeiro símbolo da integração europeia. Explorar o continente de comboio acabava por se tornar ima forma de criar consciência dos valores europeus. Permitia aos jovens de diferentes países e culturas conheceram outros e compreenderem o que era a Europa juntos. Era mesmo uma experiência social partilhada com todos os outros que andavam a fazer o mesmo, de mapa e mochila às costas.
Foi disto que os membros do Parlamento Europeu se lembraram, e a proposta é apresentada esta terça-feira pelo grupo do Partido Popular Europeu: oferecer a todos os cidadãos que residam na União Europeia um bilhete de Inter-rail, ao cumprirem os 18 anos. Claro que o presente quer também ser um meio para um fim: combater o desencanto com o projeto europeu.
“O populismo e a desinformação ameaçam, e muito, a Europa como a conhecemos. Os jovens podem ter um papel chave e atuarem como contrapeso e a União Europeia tem que lhes permitir descobrirem os seus vizinhos e que oportunidades há nos outros estados-membros”, lê-se no texto da proposta. “A mobilidade dos jovens é essencial para promover o sentimento de pertença e hoje em dia não é suficiente, apesar do êxito de programas como o Erasmus”, segue o documento.
A ser aprovada, a proposta pode custar a Bruxelas 1,5 mil milhões de euros por ano, considerando que 50 a 70% dos jovens de 18 anos que vivem na União Europeia (5,4 milhões) vão aceitar a oferta. Os cálculos foram feitos pela agência noticiosa alemã Tegesschau. Atualmente um passe de Inter-rail pode custar entre 200 e 479 euros, dependendo da validade do mesmo (entre 5 e 30 dias), e dá aos utilizadores viagens de comboio ilimitadas em trajetos específicos.
“É uma iniciativa que iria permitir aos jovens descobrir a beleza e a diversidade da Europa”, disse já publicamente o deputado alemão Manfred Weber, secretário-geral do grupo do Partido Popular Europeu, a que pertencem o PSD e o CDS-PP.