Vamos começar pelo fim. Esta é a resposta a uma pergunta legítima, quando surge um conceito inovador que ainda não existe em lado nenhum. A pergunta seria: «Para que serve um museu pedagógico e interativo… da sexualidade?» Sim, interativo, inteiramente virtual e em formato bilingue, uma vez que se estende além do território português. Dá pelo nome de Sex& Museum. E na segunda-feira, 9, foi lançada uma campanha de crowdfunding, no Business Center do Aeroporto de Lisboa.
Por trás desta iniciativa está um dos rostos mais conhecidos dos portugueses, que se habituaram á sua presença nos ecrãs, a falar de sexo com uma naturalidade nunca vista. Sim, essa mesmo: a psicóloga e sexóloga Marta Crawford. A ideia surgiu-lhe há alguns anos atrás, após uma TEDex, no Porto, realizada a convite de Manuel Forjaz, sobre felicidade sexual. No final do dia, Marta adormeceu no sofá e, ao acordar, teve uma epifania: “Elevar o conceito da sexualidade a um novo patamar, através da criação de um espaço para todos, jovens e adultos, que reunisse arte, ciência, educação, atividades e serviços.”
A maior parte dos museus que visitou, na Europa e nos Estados Unidos, não lhe agradou por serem “uma espécie de sex shop em zonas boémias, com objetos bizarros e um amontoado de factos históricos, por vezes incoerentes, sem trabalho de curadoria». A ideia era ter um espaço físico, mas tal não chegou a concretizar-se. “A Câmara de Lisboa só disponibilizava o Intendente e eu não queria esse conceito. Procurei negociar com a Parque Escolar o espaço abandonado da primeira universidade do país, a escola Veiga Beirão, no Largo do Carmo, mas os tubarões dos grandes hotéis também estão interessados e não obtive resposta.”
Com a amiga e sócia financeira Helena Soares, Marta acabou por desenvolver uma plataforma virtual e quer internacionalizá-la. A meta é aliar pedagogia e felicidade sexual, “um dos pilares do índice de felicidade bruto”. Tratando-se de um museu com causas – o fim da violência e da discriminação sexual, a promoção da igualdade de género e a aceitação de vários tipos de amor – a implementação passa pelo estabelecimento de parcerias com artistas, instituições e associações, nacionais e estrangeiras.
O que esperar?
Com lançamento oficial previsto para Março de 2016, e dispondo de uma curadoria trabalhada tecnologicamente para cada exposição, o museu permitirá ao visitante interagir online e apropriar-se dos objetos de forma personalizada. Parte dos conteúdos é de acesso gratuito, mas existem serviços pagos, como «os de aconselhamento, de terapia e da loja, onde não haverá vibradores e afins, mas obras produzidas em Portugal e com design próprio”, assegura a mentora da iniciativa. É o caso do bule clitoridiano, em porcelana, um dos ‘mimos’ com que serão brindados os que contribuírem com determinado valor para financiar o projeto, que implica um investimento elevado, entre os 80 e os 100 mil euros.