A coordenadora nacional do BE fechou esta quinta-feira a participação do partido na discussão do programa do Governo com uma mensagem de ceticismo dirigida a António Costa. Catarina Martins defendeu no Parlamento que “é tempo de ser exigente” e avisou o primeiro-ministro de que isso “não será obra de um ano nem dois” ou, tão-pouco, “resultado de equilibrismos parlamentares sem fôlego para grandes mudanças”. “Esse caminho não se fará sem incomodar quem hoje vive do privilégio”, preveniu a líder bloquista, a partir do púlpito. E garantiu que não passará “cheques em branco”.
Voltando a falar das prioridades do partido para a legislatura que agora tem início – dos transportes à ciência, passando pela cultura, habitação e qualificações -, Catarina sublinhou que “não haverá contas certas sem o investimento suficiente” e deixou um recado a Mário Centeno: “Os desafios desta legislatura não serão resolvidos com superavits excessivos, que significam investimento desperdiçado.” E ainda demonstrou disponibilidade para que, “já em 2020”, seja instituída a exclusividade para os diretores de serviço das unidades hospitalares. Assim o PS o queira.
Catarina Martins lamentou que o Executivo tenha ido à Assembleia da República falar de um grande debate sobre salários, quando, em simultâneo, remete para a concertação social acordos em torno do salário mínimo. “Nem a concertação é uma câmara alta do Parlamento nem o Parlamento se pode desresponsabilizar das condições de trabalho e dos salários”, disparou.
Já na reta final da intervenção, recordou o primeiro-ministro que “não havendo maioria [absoluta], a concretização do programa depende de negociação” e enfatizou que em 2015 parte dela ocorreu ainda antes de o programa ser gizado. Assim, lamentou que o PS tenha decidido governar “sem acordos de maioria”, mas explicou que, com o Bloco, terá de haver “determinação política plurianual” e exigiu que Costa esclareça as “suas metas para a legislatura”. “Temo sair deste debate sem saber de metas e formas de atuação”, rematou.