O militar português da força de Comandos em missão na República Centro Africana teve de amputar as duas pernas na sequência do acidente que sofreu na última quinta-feira. Em comunicado, o Estado-Maior General das Forças Armadas refere que sofreu um “traumatismo craniano sem perda de conhecimento e traumatismo grave dos membros inferiores”. O militar já está em Portugal e encontra-se estável, com previsão de uma “evolução e prognóstico favoráveis”.
O militar integrava a Força de Reação Rápida destacada na República Centro Africana. Na quinta-feira, sofreu um acidente quando seguia ao volante de um Humvee. Nos primeiros momentos, apontou-se a situação do terreno e as condições atmosféricas – estrada de terra e chuvas fortes – como possíveis explicações para o acidente, mas o EMGFA sublinha que as causas ainda estão a ser apuradas em detalhe.
As primeiras indicações davam conta de que o militar comando tinha sofrido um traumatismo grave nos membros inferiores. Agora, o EMGFA explica que, pouco depois do acidente, o militar português foi alvo de um intervenção. “Estabilizado no local” e transferido de seguida, por helicóptero, para o hospital militar que presta assistência à missão das Nações Unidas em Bangui (capital do país), o militar “foi submetido a cirurgia emergente, de controlo de danos, tendo sido verificada a necessidade e efetuada uma amputação bilateral dos membros inferiores”, refere o comunicado.
O acidente aconteceu por volta das 14 horas, a mais de 300 quilómetros de Bangui. O plano inicial passava por trazer o militar para Portugal e só então avançar com a intervenção cirúrgia. Mas, quando foi observado pela equipa de médicos em Bangui, por volta das 20 horas, e depois de uma conferência com cirurgiões do Hospital das Forças Armadas, em Lisboa, o plano foi alterado: era preciso realizar imediatamente a cirúrgia de “contenção” de danos maiores.
Quando teve conhecimento do acidente, o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, almirante Silva Ribeiro, deu ordens imediatas para que o Falcon da Força Aérea ficasse em prontidão. A meio da madrugada, já o avião estava na RCA e pronto a regressar, com o militar a bordo. Foi depois realizado o transporte médico para Portugal, numa viagem que durou cerca de seis horas.
Ao início da tarde, o militar deu entrada no Hospital das Forças Armadas (HFAR), em Lisboa. Estava “consciente, colaborante, orientado e hemodinâmicamente estável”. Vai ficar internado nos Cuidados Intensivos da HFAR para “monitorização e vigilância da evolução clínica”. Ali estão garantidas as “capacidades necessárias para garantir o tratamento atual e recuperação futura do militar acidentado”. A família e o militar estão a ser acompanhados por psicólogos do HFAR.
Desde o início de 2017, quando foi destacada a primeira força portuguesa para o país, este foi o acidente mais grave envolvendo um militar português naquele cenário. Atualmente, Portugal integra a Força de Reação Rápida da missão das Nações Unidas na República Centro Africana (MINUSCA), com um contingente de cerca de 180 militares da força de Comandos e da Força Aérea.