É a resposta do Pessoais-Animais-Natureza (PAN) a Miguel Sousa Tavares, depois de no domingo ter sido reduzido ao partido dos “urbano-depressivos”, que “comem verduras, alfaces, tudo isso”. André Silva lamenta a forma “deselegante” e “truculenta” com que o comentador fala “de cada vez que se refere ao PAN” e defende que isso representa “uma menorização” dos seus 168 mil eleitores. De caminho, ainda atira que algumas etiquetas depreciativas revelam que Sousa Tavares “convive mal com a democracia” e que “ficou parado no tempo em algumas matérias”.
Numa longa conversa com a VISÃO sobre o crescimento eleitoral do PAN (que atingiu 5,08% de votos) e das forças ambientalistas em vários países da Europa, que poderá ler na edição que estará nas bancas na quinta-feira, André Silva garante “não levar a peito” os remoques do comentador da TVI. “As palavras ficam para ele, mas é uma menorização que faz aos eleitores do PAN, que são informados e conscientes”, observa.
E se Sousa Tavares disse, na análise aos resultados da corrida ao Parlamento Europeu, na segunda – e reforçou na segunda – que nos meios rurais “toda a gente detesta o PAN” e que o partido “não tem um voto nos meios rurais”, André Silva socorre-se dos números: “Se perdermos algum tempo a aprofundar os resultados à lupa, verificamos que o crescimento do PAN é transversal a todo o território, incluindo as zonas mais rurais.” E até dá o exemplo de um concelho com tradição tauromáquica para ilustrar a subida do último sufrágio: “Em Vila Franca de Xira tivemos o dobro dos votos do CDS.” Ou mesmo do distrito de Setúbal, onde os centristas foram superados em 11 de 13 concelhos (Alcácer do Sal e Alcochete foram as exceções).
O dirigente do PAN contesta também a qualificação de “animalista” e o convite para que o PAN deixe de ser “o partido dos gatinhos e dos cãezinhos em marquises”. “Muitas vezes no debate político dá jeito aos nossos adversários – ou a quem, como Miguel Sousa Tavares, convive mal com a democracia, porque ficou parado no tempo em muitas matérias – rotular o PAN como o partido que só se preocupa com cães e gatos. Mas não funciona porque acaba por ser um diálogo em circuito fechado entre os que pensam da mesma forma”, contrapõe.
Esse tipo de considerações, prossegue André Silva, devem-se à existência de “muito preconceito em relação a algumas mensagens do PAN” e à falta de compreensão de uma “nova visão social e política em que devemos ter respeito não só pelo nosso semelhante, mas pelas outras formas de vida”. “Não é verdade que o PAN queira substituir ou menorizar as pessoas, não é verdade que as queira trocar por animais ou plantas”, assegura.
Na mesma linha raciocínio, reconhece que haja quem vote no seu partido “pela proteção aos animais”, mas julga que a generalidade das pessoas se “revê na perspetiva holística” do PAN, isto é, num “outro modelo de humanismo, com empatia pelas outras formas de vida e pelo planeta”. “Há novas visões que se estão a impor”, alerta.