Iker Casillas recebeu alta esta segunda-feira, depois de dar entrada no hospital na última quarta, na sequência de um enfarte agudo do miocárdio. À saída do hospital, acompanhado pela mulher, Sara Carbonero, o jogador do FC Porto agradeceu aso fãs por todas as mensagens de apoio e disse estar muito melhor, apesar de não saber “como será o futuro”.
Apesar de o médico da equipa principal de futebol do FC Porto, Nélson Puga, ter referido, em declarações ao Porto Canal, que Casillas, de 37 anos, ficaria “completamente recuperado de saúde”, as dúvidas sobre se o guarda-redes irá regressar à alta competição continuam de pé. Sabe-se, porém, que não será tão cedo.
“Após um episódio de enfarte do miocárdio, será necessário aguardar por um período nunca inferior a três meses, para poder analisar as sequelas do enfarte e a nova situação cardíaca”, explica à VISÃO Luís Baquero, Cirurgião Cardiotorácico no Hospital da Cruz Vermelha e Coordenador do Heart Center.
O especialista esclarece que, depois de se confirmar que a situação não apresenta risco elevado, e caso o episódio tenha sido tratado com sucesso, os atletas de alta competição devem, “iniciar um programa de atividade física e reabilitação assim que possível, seguindo as indicações da Sociedade Europeia de Cardiologia”.
Segundo Luís Baquero, no caso de Iker Casillas devem ser tidas em conta duas situações específicas que podem influenciar o seu regresso ou não aos relvados: “Em primeiro lugar, a idade do jogador e, em segundo, a necessidade de ser tratado com medicação antiagregante dupla [ evita a ativação e agregação das plaquetas para prevenir tromboses] por um período de, pelo menos, seis meses, o que pode representar um impacto negativo para a performance global do atleta.”
Isto porque o futebol é um desporto de potencial contacto que pode facilmente provocar hemorragias. Além disso, inclui situações de alta procura hemodinâmica (circulação sanguínea), alterações dos eletrólitos (que ajudam a regular a função miocárdica e neurológica), alterações neuro-hormonais e de stress psíquico que influenciam, também, a resposta cardíaca.
É, por isso, de acordo com o médico, essencial que se considere o regresso aos jogos de alta competição apenas depois de um programa de reabilitação gradual, com constante vigilância não apenas dos fatores de risco como também das complicações do enfarte. “E nunca antes dos três meses após o episódio”, explica o cirurgião.
“É crucial uma abordagem muito cuidadosa no início da atividade, principalmente no que diz respeito ao aquecimento, arrefecimento, hidratação e condições climatéricas extremas que podem afetar a condição cardíaca”, diz.
Luís Baquero menciona ainda a importância da condição psicológica do jogador, que vai ter, indubitavelmente, um grande peso durante todo o processo.