Passou um fim de semana em Londres, com a família. Segunda de manhã regressou à Madeira, de onde descolou ao fim da tarde, rumo ao continente, para participar no Conselho Nacional do PSD que haveria de ditar as datas para a substituição de Pedro Passos Coelho à frente do PSD. Miguel Albuquerque, presidente Governo Regional da Madeira, regressou ao Funchal na terça feira, pela hora do almoço. À tarde, mostrava a porta de saída a três dos seus secretários regionais.
Com a saída de Eduardo Jesus (Economia, Turismo e Cultura), Rui Gonçalves (Finanças e Administração Pública) e Sérgio Marques (Assuntos Parlamentares e Europeus), Miguel Albuquerque aproveita para fazer ajustes à orgânica do seu Governo.
A mudança mais visível é o criação do cargo de vice-presidente. O lugar será ocupado por Pedro Calado, o ex-vereador de Miguel Albuquerque na Câmara Municipal do Funchal, que, além de vice-presidente, terá ainda sob sua tutela as pastas das Finanças, da Economia, dos Transportes e a coordenação política. É uma entrada direta para o topo da herarquia.
Entram ainda na equipa Amílcar Gonçalves (Equipamentos e Infraestruturas) e Paula Cabaço (Turismo, Cultura e Assuntos Europeus). Os Assuntos Parlamentares passam de Sérgio Marques para Jorge Carvalho (que mantém as áreas da Educação, Juventude, Desporto e Comunidades).
Um mal-estar indisfarçável
Esta é a quarta remodelação do Governo Regional da Madeira (a pasta da Saúde já foi duas vezes remodelada e a saída de Rubina Leal, candidata pelo PSD à autarquia do Funchal, também obrigou à sua substituição à frente da Inclusão Social) mas nenhuma causou tanto incómodo quanto esta.
Eduardo Jesus sai da Economia a contra-gosto, deixando claro que não se demitiu, mas antes foi “dispensado pelo presidente do Governo Regional”.
Entram Pedro Calado e Amílcar Gonçalves, dois colaboradores de Miguel Albuquerque na Câmara Municipal do Funchal. Pedro Calado, na altura vereador com a pasta das Finanças, foi um nome falado para a mesma pasta, no seio do governo, quando Miguel Albuquerque assumiu a presidência. Estava, no entanto, no setor privado (era administrador da AFA, Engenharia e Construções, detentora do polémico edifício do hotel Savoy, em construção na cidade do Funchal). Amílcar Gonçalves, até agora director regional dos Edifícios Públicos, concorreu como número dois da lista do PSD à Câmara do Funchal. Miguel Albuquerque trouxe assim para o Executivo pessoas da sua confiança pessoal, dos seus tempos de autarca.
Mas a grande surpresa desta remodelação é a entrada de Paula Cabaço na equipa. É que, há pouco mais de um ano, Miguel Albuquerque lançou duras críticas ao trabalho que estava a ser desenvolvido no Instituto do Bordado, do Vinho e do Artesanato (então presidido por Paula Cabaço). Entre outras críticas, chegou a dizer que “existem pessoas que, neste momento, estão a dormir na forma”, declarações que, supos-se, eram dirigidas à responsável máxima da instituição, que acabou por deixar o cargo em dezembro de 2016.
Pelas ruas do Funchal, há quem não esconda a indignação por aquilo que é visto, dentro e fora do PSD regional, como uma “cedência a certos interesses”. “É o princípio do fim” do governo liderado por Miguel Albuquerque, comenta-se, perspetivando-se a possibilidade de, nas próximas eleições regionais, se dar por terminado o domínio laranja à frente do executivo madeirense.
A tomada de posse dos três novos secretários regionais está marcada para a próxima terça feira.