Os manifestantes continuam nas ruas de Barcelona e em outras cidades da Catalunha depois de ontem ter sido conhecida a sentença do Supremo Tribunal espanhol que condenou, com penas entre os nove e os 13 anos de prisão, os nove líderes do movimento pela independência da Catalunha, em 2017, e a reativação do mandado de detenção europeu para o ex-presidente regional Carles Puigdemont, que está exilado na Bélgica.
Dos confrontos nas ruas e no aeroporto El Prat resultaram 131 feridos, seis dos quais atingidos por balas de borracha, segundo informações dos serviços de emergência médica. Um dos jovens atingidos, de 22 anos, terá ficado cego de um olho, relatam os meios de comunicação espanhóis.
As autoridades nacionais estão a investigar quem está por detrás do denominado “Tsunami Democrático”, a plataforma de onde terá saído a convocação para as manifestações que se iniciaram ontem, tendo como um dos alvos principais parar o aeroporto de Barcelona. No local, foram registadas várias altercações entre os manifestantes e os Mossos d’Esquadra (a polícia da Catalunha) que levaram ao cancelamento de 110 voos.
A porta-voz da Generalitat (o Governo da Catalunha), Meritxell Budó, disse, citada pelo jornal La Vanguardia, que considera “lógico e de senso comum” que as pessoas “saiam para a rua e se manifestem devido às penas de prisão muito duras”.
Os protestos continuam hoje. Foram já cancelados 45 dos 986 voos previstos no aeroporto de Barcelona. Mas não é só na capital da Catalunha que decorrem. Um pouco por toda a região várias estradas e linhas férreas foram cortadas (depois, desobstruídas pelas polícia). Em Girona, os Mossos d’Esquadra controlam agora as entradas na estação ferroviária e os comboios circulam com algumas limitações.
Em Tarragona, cerca de 200 manifestantes cortaram os acessos a uma praça central da cidade e, destes, cerca de uma centena, concentraram-se em frente ao tribunal da cidade, segundo relata o La Vanguardia.
Esta manhã, o presidente da Generalitat, Quim Torra, agradeceu, através do twitter, aos manifestantes: “Muito obrigado a todos os que se mobilizaram esta noite contra a injustiça das condenações destes presos políticos. Todos juntos temos de levantar a voz com firmeza e mais determinação do que nunca”.
A vice-presidente do Governo espanhol, Carmen Calvo, disse aos meios de comunicação, já esta amanhã, que o primeiro-ministro Pedro Sánchez deixou “muito claro” que a “sentença é para cumprir” e “não deixou lugar a qualquer tipo de dúvidas” sobre a sua resposta negativa a um pedido de indulto – recorde-se que estão marcadas eleições gerais em Espanha para o dia 10 de novembro (as quartas em quatro anos) depois de não ter havido qualquer tipo de entendimento entre os partidos mais votadas para formar Governo na sequência das eleições de abril.