“Tive muita sorte porque estava em Tete, e essa não foi a região mais afetada. O pior foi na Beira. Já passaram quatro dias e muitas populações continuam sem comunicação, sem energia e sem água”, conta aos soluços Ângelo Matsinhe, 26 anos e estudante de Engenharia Química em Maputo, do outro lado da linha telefónica – a lembrar o momento em que os ventos ganharam uma velocidade nunca vista por ali, deixando atrás de si um rasto de destruição, e inundações até onde a vista era capaz de alcançar. “Nunca tinha visto nada assim”.
Foi na na quinta-feira, 14, que o ciclone Idai chegou às localidades mais próximas da costa de Moçambique, entrando pelo continente dentro. “Nunca tinha visto nada assim”, repete Angelo, reconhecendo ainda que, apesar dos avisos de emergência que soaram, não havia forma de estarem preparados para o que se seguiu. “Pelos nossos padrões de construção, não era possível…”, lamenta. “Quando o vento atinge valores entre os 150 e os 200 quilómetros por hora, torna-se impossível fazer-lhe frente.” As fotos que nos enviou, na galeria em cima, confirmam-no.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estima que mais de 1,5 milhões de pessoas tenham sido citando afetadas em Moçambique, Malaui e Zimbabué devido à passagem do ciclone.
Em Moçambique, o Presidente Filipe Nyusi admitiu que o número de mortes poderá ultrapassar os mil, estando confirmados atualmente 84.